No Brasil, a doação de órgãos é autorizada pela família do doador, sem a necessidade de um documento assinado pela pessoa que venha a falecer. Atualmente, são cerca de duas mil doações por ano, mais que o dobro da quantidade registrada em 2003 (quando foram contabilizados 893 doadores efetivos). “Nesta campanha, queremos incentivar a discussão sobre este importante tema e esclarecer as dúvidas da população, dando mais segurança aos familiares que precisam decidir no momento em que se perde uma pessoa querida. Cada um deve conversar com seus entes mais próximos, informando a sua vontade de doar órgãos”, ressaltou Padilha. “Por isso, a participação da população nesta causa é fundamental”, reforça.
O Brasil é referência internacional na realização de transplante por realizar o maior número de procedimentos por meio de uma rede pública de saúde – aproximadamente 95% das cirurgias são feitas pelo Sistema Único de Saúde de forma totalmente gratuita. O SUS oferece assistência integral ao paciente transplantado, incluindo exames periódicos, medicamentos pós-cirurgia, atendimento hospitalar em caso de emergência e apoio de profissionais como psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e assistente social.
AVANÇOS
No evento de lançamento da campanha, Alexandre Padilha quis ressaltar que o Brasil está registrandi avanços tanto na quantidade de doadores quanto no número de transplantes realizados. Segundo dados do Ministério da Saúde, a quantidade de doações efetivas de órgãos crescerá 13% em 2011 em relação ao ano anterior (passando de 1.896, em 2010, para 2.144, conforme projeção até o próximo mês de dezembro). No que diz respeito aos transplantes realizados, a projeção é que, até o próximo mês de dezembro, sejam realizados mais de 23 mil transplantes no país. Em 2010, esta quantidade chegou a 21.040, o que representa um aumento de 65% em relação ao número de procedimentos feitos em 2003 (12.722). “Nossa expectativa é superarmos estas marcas ano a ano, como vem ocorrendo na última década”, afirma o coordenador do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Heder Borba.
CAMPANHA
A data de 27 de setembro foi escolhida para o lançamento da campanha “Seja um doador de órgãos, seja um doador de vidas” por ser quando se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos. As peças serão veiculadas em TVs, rádios, internet, jornais e revistas. Materiais impressos também serão afixados em outdoors, busdoors, metrôs, MUBs (mobiliários urbanos) e elevadores.
Para sensibilizar os brasileiros sobre a importância da doação de órgãos para transplantes, o ator José de Abreu – protagonista da edição deste ano da campanha nacional – interpreta, nas peças publicitárias, um personagem que decidiu doar os órgãos como um último gesto de solidariedade antes de falecer. As histórias traduzem a experiência da professora aposentada Maria Pia Albuquerque, 52 anos, que mora em Brasília e foi submetida a um transplante de coração pelo SUS.
A história de Maria Pia é um exemplo de superação. Em setembro de 2007, depois de um tratamento cardíaco que durou 23 anos, o médico deu o diagnóstico: a única possibilidadeda professora continuar viva seria a partir de um transplante de coração. “Foi quando eu pensei: minha vida agora depende do coração de outra pessoa!”, conta. No mês seguinte, ela foi encaminhada ao Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (IC-DF). O coração ideal para o transplante foi identificado um ano e quatro meses depois, na sexta tentativa, por volta de 23h do dia 3 de maio de 2009. Vinte e um dias depois da cirurgia, ela teve alta e voltou para casa, com saúde e garantia total de continuidade da assistência pelo SUS, incluindo acompanhamento médico, exames periódicos, atendimento hospitalar em caso de emergência e apoio de psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e assistente social.
VIVENDO NA PELE
Muitos aqui sabem da bandeira que venho levantando desde 2008 sobre doação. No meu caso, acabei pendendo mais para a doação de medula óssea, células de cordão umbilical e plaquetas, por conta da experiência pessoal que vivi desde que meu filho mais velho foi diagnosticado com adrenoleucodistrofia em agosto de 2008. Foi graças um cordão doado nos EUA que o meu Lucca pôde ser submetido a um transplante de células hematopoéticas (leia mais aqui) e tudo estava correndo muito bem na luta contra a doença, o transplante em si foi um sucesso -- não fosse a infecção que ele contraiu no hospital e que foi a verdadeira causa para ele ter ganho asas de anjinho cinco meses depois....
Infelizmente a infecção, diagnosticada tardiamente, acabou afetando seu fígado, pulmão, rins e coração e nem consegui cogitar a possibilidade de doar esses órgãos. Também confesso que o momento da perda é tão doloroso, tão agressivo, que demora para "cair a ficha", demora até você raciocinar sobre o processo de doação -- eu poderia ter doado suas córneas, por exemplo, e hoje alguém poderia estar aqui, enxergando o mundo e a vida pelas lentes mágicas que eram aqueles olhinhos do meu filhote....
A gente já cansou de ouvir frases que se referem à solidariedade, que falam que doar órgãos, sangue, medula, enfim, DOAR é um gesto tão pequeno e simples mas tão poderoso. É doar vidas! Eu deixaria a seguinte pergunta no ar: E POR QUE NÃO DOAR???
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