quinta-feira, 10 de novembro de 2011

HEMO 2011 apresenta progressos no tratamento da Sindrome Mielodisplásica

Congresso mostra novidades sobre a ação da lenalidomida e reforça a posição dos médicos em favor do registro da droga no Brasil, que se prolonga há mais de dois anos

Com a vida em risco, pacientes brasileiros precisam importar remédio e dependem do poder público para dar continuidade ao tratamento

Os avanços para tratar a síndrome mielodisplásica (SMD) e o mieloma múltiplo (MM) serão debatidos entre 10 e 13 de novembro, durante o maior congresso de hematologia e hemoterapia da América Latina, o Hemo 2011, que reunirá mais de quatro mil médicos no WTC em São Paulo. 

A Síndrome Mielodisplásica é uma doença onco-hematológica causada por alteração na medula óssea. Frequentemente confundida com a anemia, por seus sintomas similares, atinge milhares de pessoas no mundo.

Uma das dificuldades enfrentadas pelos médicos para tratar a SMD é a morosidade na aprovação do registro no Brasil do novo medicamento Revlimid (lenalidomida) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A droga, usada em mais de 70 países, inclusive na América Latina, e aprovada desde 2006 pelo Food and Drug Administration (FDA), nos EUA, reduz ou elimina a necessidade de transfusão de sangue e aumenta a qualidade de vida dos pacientes, segundo a Dra. Silvia Magalhães, vice-diretora da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), professora da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, e coordenadora do Registro Brasileiro de SMD.

A especialista explicou que “não há justificativa em não termos ainda a lenalidomida aprovada para uma condição em que sua indicação é bem estabelecida na literatura mundial”. Segundo a Dra. Silvia, há indicação formal para seu uso em pacientes portadores de um subtipo de SMD que cursa com alteração citogenética específica, a deleção 5q, e elevada necessidade transfusional. “Nesses pacientes, o tratamento pode resultar em independência de transfusão em aproximadamente 70% dos casos. São resultados muito expressivos, não observados com qualquer outro tratamento. Quem perde são os pacientes", salienta.

Para a diretora da ABHH, este é um momento único para a SMD no País, em que os hematologistas estão ávidos por conhecer a patologia, que atinge os idosos na maioria das vezes. “Hoje, com o aumento da expectativa de vida e o acesso a novas drogas para tratar a SMD, a comunidade científica tem voltado os olhos para a doença.”

Judicialização da saúde
O governo critica e reclama muito dessa prática mas a verdade é que a judicialização da saúde é o caminho mais curto, às vezes, a última alternativa, para que pacientes portadores de doenças raras ou especiais consigam medicamentos que lhe permitam renovar as esperanças de vida. Eles se deparam, contudo, com os trâmites burocráticos nas Secretarias Estaduais de Saúde que podem emperrar por vários meses a liberação de um determinado tratamento de última geração.

O caso do Revlimid é emblemático. Apesar de ser atestada como muito eficiente no tratamento do mieoloma múltiplo, a nova droga ainda não é comercializada no Brasil, já que aguarda o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim, os pacientes que já tentaram todas as alternativas anteriores, não têm outra saída senão tentar adquirir o Revlimid nos Estados Unidos. O problema, nesse caso, é o custo, que fica ainda mais elevado.

O médico Ronald Pinheiro, hematologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), diz que os pacientes com idade acima de 60 anos correm riscos de agravamento da doença sem o uso da lenalidomida. Ele também considera uma prática de alto risco um número alto de transfusões sanguíneas, processadas no paciente portador de síndrome mielodisplásica, em função do alto índice de ferro que elas levam ao coração -- e isso pode representar a falência do órgão.

Sobrevida
Revlimid / lenalidomida é um medicamento de uso oral que estabeleceu novos parâmetros no tratamento de pacientes com mieloma múltiplo e síndromes mielodisplásicas. Trata-se de um agente imunomodulador que melhora a sobrevida global e a qualidade de vida dos pacientes. O medicamento já foi aprovado em 55 países. Segundo especialistas brasileiros, pacientes poderiam ter melhor qualidade e maior sobrevida se o medicamento Revlimid já estivesse liberado pela Anvisa. Quem tem condições de importar o produto também sofre com os atrasos em função da burocracia alfandegária.

Um comentário:

Alessandro Plothow disse...

Lú,estive hoje no Hemo2011 e é muito bom ver os avanços e mobilizações em torno do tema!!

Beijos e parabens pelo blog!!

Ale