sábado, 16 de maio de 2009

Cuidados ao ingerir medicamentos

Muito se fala sobre os riscos da automedicação e, de fato, é preciso cuidar da saúde com responsabilidade. Medicamentos tarjados, isto é, aqueles que exigem prescrição médica, precisam ser recomendados por um especialista para que então possam ser ingeridos com segurança. Do contrário, seus efeitos podem ser altamente prejudicias ao paciente.

O médico é a pessoa mais habilitada para avaliar o quadro de saúde de uma pessoa, analisar caso a caso, lançar mão de exames clínicos (de sangue, de urina, fezes, sorologias, de imagens etc.)sempre que necessário, para então poder indicar o remédio mais adequado para controlar e/ou tratar uma eventual doença ou os sintomas apresentados.

Todos os medicamentos, contudo, podem causar reações adversas, definidas a partir dos achados em diversos estudos clínicos realizados desde antes de um novo remédio ser lançado no mercado. Segundo os especialistas, os remédios em geral funcionam conforme o esperado para aproximadamente 90% da população. E, para garantir o máximo de eficiência no tratamento, é fundamental obedecer rigorosamente as doses e os horários programados para ingeri-los.

Cada vez mais, os laboratórios farmacêuticos de pesquisa concentram seus esforços e investimentos para desenvolver fórmulas que se encaixem na chamada 'target therapy' (terapia alvo), isto é, quando possuem princípios ativos eficientes e eficazes o bastante para atingir apenas e diretamente o alvo da doença -- reduzindo seu efeito sobre outras áreas do organismo.

A questão crucial é que a maioria dos medicamentos ingeridos por via oral ainda precisa de longos percursos dentro do organismo até atingirem o alvo desejável. Estômago e fígado são órgãos do corpo por onde os remédios passam com frequência -- fator que explica sensações de desconforto, tais como as náuseas e as chamadas 'queimações' no estômago. Como as que Lucca tem sentido nos últimos dias.

Para se ter uma idéia, remédios apresentados em cápsulas (aquela espécie de capinha plástica protetora) contam com essa 'embalagem' especial não por acaso ou por estética, mas para permitir que o princípio ativo comece a ser absorvido apenas no intestino, poupando assim o estômago do paciente -- que é onde o medicamento chega primeiro quando ingerido pela boca.


Um copo d'água, por favor!
É recorrente a dúvida sobre a diferença de se tomar um comprimido com água, leite, chás, sucos etc. Em geral, os médicos e especialistas recomenda que se dê sempre preferência para a água, "porque, durante a consulta e a prescrição do medicamento, eles nem sempre dispõem de uma base de dados suficiente para garantir que aquela fórmula será compatível com outro tipo de líquido. Algumas associações, já se sabe, podem retardar ou mesmo reduzir a eficácia dos medicamentos", explica Patrícia Medeiros de Souza, doutora em Farmacologia pela Universidade de Campinas (Unicamp) e professora adjunta de Farmacologia Clínica e Hospitalar da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo ela, em alguns casos, a associação de leite, chá e/ou sucos com determinados comprimidos pode alterar o movimento do estômago e, com isso, retardar a absorção do medicamento pelo organismo. "Por exemplo, um remédio que seria absorvido em meia hora ou 40 minutos pode levar até duas horas para fazer efeito", acrescenta.

Estudos já demonstraram que a 'mistura' de remédio com alguns chás também levam a reações perigosas. "O chá de camomila, por exemplo, tem um princípio ativo que afina o sangue, e o ácido acetilsalicílico (o AAS, substância ativa da aspirina) também apresenta esta ação anticoagulante. Quando eles são tomados juntos, pode ocorrer sangramentos", lembra Patrícia.

Tomar remédios acompanhados de refrigerantes também não são recomendados pelos especialistas, por conterem substâncias que inibem as enzimas do fígado e impedem que o remédio seja eliminado, deixando o paciente sujeito a risco de intoxicação. Sem falar da bebida alcoólica, que é totalmente proibida quando do uso de qualquer medicamento.

Mito
Tomar leite para proteger o estômago é um mito, porque ele tende a aumentar ainda mais a acidez e, com isso, irritar as paredes do estômago além do necessário. O leite é um alimento e, por isso, estimula a produção de sucos digestivos que degradam ou interferem na ação de vários medicamentos.

Um comunicado oficial do Ministério da Saúde por meio da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) -- leia a íntegra em http://www.anvisa.gov.br/DIVULGA/noticias/2005/070105_2_4.htm -- alerta também sobre o cálcio e outros nutrientes presentes no leite que podem promover a perda do efeito terapêutico de determinados remédios, como antibióticos por exemplo, pela inativação química (quelação) que provocam. Antiácidos também precisam ser evitados nessas situações, já que mudam o pH do estômago, e isso pode retardar ou reduzir o efeito dos medicamentos.

O caminho que o medicamento percorre no organismo
  • Quando um comprimido é ingerido por via oral (pela boca), ele desce pela faringe e atinge o esôfago e em seguida chega ao estômago;no estômago, ocorre a digestão, isto é, as enzimas digestivas trituram a pílula engolida num processo semelhante ao que ocorre com os alimentos ingeridos;
  • se o medicamento não tiver uma cápsula protetora para conter as enzimas, parte do princípio ativo do remédio já será absorvida no estômago, entrando na corrente sanguínea;
  • do estômago, a pílula 'triturada' segue para o intestino, órgão com muitos vasos sanguíneos, onde ocorre a absorção da maior parte do princípio ativo;o princípio ativo entra na corrente sanguínea do paciente e assim é levado até o exato ponto onde ela precisa agir;
  • essa interligação é possível porque cada medicamento só age no organismo quando seu princípio ativo encontra os receptores que procuram (cada órgão do corpo humano -- coração, pulmão, fígado etc. -- tem receptores específicos), isto é, moléculas que se "encaixem" perfeitamente com sua fórmula química, como quando se monta peças de um quebra-cabeça;
  • depois que ocorre a ação farmacológica, não interessa mais que o medicamento continue no organismo e acontece a eliminação pelos rins ou intestinos.

Nenhum comentário: