terça-feira, 25 de maio de 2010

Hipertensão é responsável por 80% dos casos de AVC no Brasil

Pesquisa mostra que poucos adultos são capazes de reconhecer os sintomas de um derrame

A hipertensão -- doença que acomete todas as faixas etárias, atinge 30% da população adulta brasileira, chegando a mais de 50% na terceira idade -- está presente em 80% dos casos de acidentes vascular cerebral (AVC). Estimativas do Ministério da Saúde apontam que o AVC é a principal causa de morte em todas as regiões do País. Dentre os pacientes que sobrevivem, 50% ficam com algum grau de comprometimento ou sequela.

Um dos principais objetivos Sociedade Brasileira de Hipertensão para 2010 é aumentar para 83% a porcentagem de pessoas capazes de reconhecer os principais sintomas do AVC, popularmente conhecido como derrame. Isso porque:

  • uma grande maioria dos casos de AVC acomete os pacientes quando eles estão fora dos hospitais (nos EUA, essa incidência foi de cerca de 54% em 2004);
  • AVC é a terceira causa mais frequente de morte, atrás de doenças cardíacas e câncer;
  • a administração de medicação específica pode beneficiar pacientes com derrame isquêmico agudo, entretanto, o tratamento deve obrigatoriamente ser iniciado em até três horas quando do aparecimentos dos primeiros sintomas;
  • para o derrame hemorrágico, é crucial a cirurgia imediata que previne a possibilidade de um novo sangramento, evitando assim sérios danos ou morte que ocorre em 40% a 60% dos casos.

Sinais que precedem um derrame
Alguns sintomas podem ser indicativos importantes de que uma pessoa está sofrendo um AVC. São eles:
  • Cefaleia intensa e súbita sem causa aparente
  • Dificuldade de falar e perda de equilíbrio
  • Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna do lado esquerdo ou direito do corpo
  • Alteração súbita da sensibilidade, com sensação de dormência e/ou formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo
  • Perda súbita de visão em um olho ou nos dois
  • Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular e expressar palavras ou para compreender a linguagem
  • Instabilidade, vertigem súbita e intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vômitos

Hipertensão x tratamento
A adesão ao tratamento quando descoberta a doença é um dos grandes desafios da medicina. Pesquisa realizada pelo Dr. Décio Mion, conselheiro da sociedade Brasileira de Hipertensão e chefe da Unidade de Hipertensão do HC-FMUSP, demonstra que o problema vem desde a consulta médica até a mudança no estilo de vida do paciente. Dos entrevistados, 76% afirmaram estar insatisfeito com o atendimento dos médicos e procuram outro especialista, 30% afirmaram ter toda atenção do especialista e 37% estão satisfeitos com o atendimento.

No que diz respeito à adesão ao tratamento, o estudo mostrou que:
  • 79% dos pacientes gostariam de ter uma relação mias próxima e mais contínua com o médico;
  • 84% se interessam em ter mais informações sobre a doença;
  • e 91% gostariam que o médico entrasse em contato com eles pós-consulta.

Sintomas
A pressão alta tem fácil diagnóstico. Se tratada, dá ao paciente a chance de seguir com a vida tranquilamente desde que inclua novos hábitos em seu cotidiano. No entanto, por ser silenciosa, ela é também um dos principais fatores de riscos de doenças que atinge coração, rins e cérebro. Segundo o Ministério da Saúde, das 900 mil fatalidades registradas no Brasil, anualmente, quase 30% decorrem de alterações no sistema cardiovascular provocadas pela elevação crônica da pressão arterial.


Novo estilo de vida
Há dois tipos de tratamento para hipertensão: com e sem medicamentos. O uso ou não de remédios depende do estágio da doença e do risco cardiovascular do paciente. Uma pessoa que acabou de ser diagnosticada pode conseguir reverter a alta da pressão adotando um estilo de vida saudável, que inclua redução do sal na alimentação, maior consumo de vegetais e pouco ou nada de álcool. Além da prática regular de exercícios físicos e a perda de peso.

"Essas mudanças de hábitos servem tanto para a prevenção da doença como para o seu tratamento", ressalta o nefrologista. Reduzir o consumo de sal significa consumir, no máximo, 6 gramas diárias, o que equivalente a quatro colheres rasas das de café. O brasileiro consome, em média, 12 a 14 gramas de sal por dia.

O controle do peso e a realização de atividades físicas regulares durante pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, contribuem não só para o controle da hipertensão, mas também para a queda da insulinemia (excesso de insulina no sangue), além de reduzir a sensibilidade ao sódio e diminuir as atividades do sistema nervoso simpático.

O fumo é o único fator de risco totalmente evitável de doença e morte cardiovasculares. Evitar esse hábito que, em 90% dos casos ocorre na adolescência, é um dos maiores desafios em razão da dependência química causada pela nicotina.

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