domingo, 23 de maio de 2010

Mais um adeus, mais uma dor...

Sexta-feira, 21/5. Eram 8 e pouquinho da noite quando cheguei em casa com as crianças. Estava acabando de me arrumar -- tínhamos uma festa de trabalho pra ir -- quando o telefone tocou. Vinha a notícia: minha avó acabara de falecer.....

Ela não vinha bem de saúde desde o Carnaval. Nesses três meses, foram quatro AVCs (acidente vascular cerebral), quatro infartos e, ainda, o diagnóstico de um tumor em um dos ovários. Nos últimos dias, estava já bastante debilitada, sem qualquer indicativo por parte dos médicos do Incor de que poderia deixar o hospital e voltar pra casa.... Os mesmos médicos que lhe prestaram um atendimento de primeiríssimo mundo em pleno sistema público de saúde!

---------------------------------

Aqui, quero fazer um parênteses, para agradecer muitíssimo a três pessoas muito especiais:
  • aos novos grandes amigos Renata e Rafael: vocês foram estupendos! Nunca teremos com agradecer por todo o carinho e atenção que nos deram. E, principalmente, pelo empenho ímpar que garantiu que minha avó pudesse dispor do melhor atendimento possível nesse seu finzinho de vida;
  • a você, Ro, pelo homem e parceiro maravilhoso que é, pelo amigo incrível que sempre foi. Nada que eu te diga será suficiente pra dizer o quanto você é importante pra mim, e o quanto sou grata a você por tudo! Aquele teu gesto de interceder junto a amigos seus, lá atrás, para que minha avó fosse transferida do Hospital Universitário da USP para o Incor, nossa, marcou muito a todos nós. Obrigada por fazer parte da minha vida de um jeito tão especial. Amo você!
---------------------------------

No fundo, meu lado mais racional se preparava um pouquinho a cada dia para mais essa perda. Era quase que o curso natural das coisas.... Por mais difícil que fosse, a evolução do quadro clínico da minha avó dava sinais de que, dificilmente, poderíamos tê-la de volta em casa.

Mas o problema parecia não ser só esse. A confusão mental e emocional -- que eram pesadíssimas pra todos nós -- tinham muito a ver com as lembranças que tudo isso trazia dos últimos dias de vida no meu Cucca: a insuficência renal, o acúmulo de água nos pulmões, a pressão arterial que já não se estabilizava mais... Nossa, como era duro reviver isso tudo e tão pouco tempo depois....

Sempre me lembro de uma frase que minha irmã me disse lá no Einstein há 9 meses, quando falávamos que o corpo humano é realmente uma máquina com todas as engrenagens perfeitamente ligadas: "Mas que droga que é assim, tudo tão certinho e interligado. Melhor que não fosse...".

Há mesmo que se concordar. De fato, quando algo começa mal, o efeito é como de um dominó: coração que já não bombeia adequadamente o sangue, rins que param de funcionar bem, os pulmões, daí o fígado, e a pressão e... e... e...

No final das contas, eu sabia que precisava ser forte. De novo. Eu tinha de ser um porto-seguro pra minha família. De novo. Em especial pra minha mãe que estava sofrendo demais com aquela situação. De novo!

Quando a veio a notícia do falecimento, corri pra encontrar minha mãe. E dar-lhe suporte emocional mas também agir na prática. Infelizmente, havia detalhes duros para serem cuidados. Por dentro, eu estava um lixo! Já vinha assim desde quarta-feira quando completou 9 meses desde a despedida do Cucca. E ter de viver esse choque naquele momento não estava nada fácil pra mim. Mas segurei as pontas.

E toquei bem as coisas. A saída do hospital, a ida para o velório, o velório em si. Era a primeira vez que eu voltava ao Cemitério São Paulo desde o dia 19/8/2009..... Mas, ao chegar junto à lápide da família, putz..... como doeu! A despedida da minha avó já era por si só uma despedida doída. Mas tinha a saudade do Lucca junto com tudo isso. As lembranças daquele daquela quarta-feira... o vazio que, de novo, só fez crescer.

.........

A verdade é que entendo, respiro fundo, toco a vida, reaprendo a conviver com essa falta um pouquinho a cada dia. Mas, me conformar, não consigo. E tendo a crer que não vou conseguir nunca mais....

Nenhum comentário: