A hanseníase é uma doença crônica, granulomatosa, proveniente de infecção causada pelo Mycobacterium leprae. Esse bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), no entanto poucos adoecem (baixa patogenicidade) -- tudo depende da relação que o bacilo tem com o hospedeiro e o grau de endemicidade do meio, entre outros aspectos.
Geralmente tem como sintoma o aparecimento de manchas pelo corpo, em especial nas mãos, pés, face, costas, nádegas e pernas. Há, contudo, casos em que a doença se manisfesta sem mancha alguma.
Diagnóstico precoce e tratamento adequado são indispensáveis para controlar a doença. Assim que a pessoa doente começa o tratamento deixa de transmitir a doença. Ela não precisa ser afastada do trabalho, nem do convívio familiar e pode manter relações sexuais com seu parceiro ou parceira normalmente.
O domicílio é apontado como importante espaço de transmissão da doença, embora, segundo especialistas, ainda existam lacunas de conhecimento quanto aos prováveis fatores de risco implicados, especialmente aqueles relacionados ao ambiente social.
A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, podem ser consideradas o berço da doença. A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento científico modificaram significativamente o quadro da hanseníase, que atualmente tem tratamento e cura. No Brasil, cerca de 47.000 casos novos são detectados a cada ano, sendo 8% deles em menores de 15 anos.
1. Qual a classificação da hanseniase?
A hanseníase, para fins de tratamento, pode ser classificada em:
- Paucibacilar (poucos bacilos): até 5 lesões de pele
- Multibacilar (muitos bacilos): mais de 5 lesões de pele
2. Quais os sinais e sintomas?
- Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade;
- Área de pele seca e com falta de suor;
- Área da pele com queda de pêlos, especialmente nas sobrancelhas;
- Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade ao calor, dor e tato. A pessoa se queima ou machuca sem perceber;
- Sensação de formigamento (Parestesias);
- Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés;
- Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
- Úlceras de pernas e pés.
- Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
- Febre, edemas e dor nas juntas.
- Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
- Ressecamento nos olhos.
3. Como se transmite?
A transmissão se dá entre pessoas. Uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar), estando sem tratamento, elimina o bacilo pelas vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim transmiti-lo para outras pessoas suscetíveis.
O bacilo de Hansen tem capacidade de infectar grande número de pessoas, mas poucas pessoas adoecem porque a maioria tem capacidade de se defender contra o bacilo.
O contato direto e prolongado com a pessoa doente em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, aumenta a chance da pessoa se infectar.
4. Quais são os fatores de risco para a hanseníase?
Apesar de muitas pessoas contraírem o bacilo, poucas adoecem. Isso porque a maioria das pessoas tem boa resistência ao mesmo. Situações de pobreza como precárias condições de vida, desnutrição, alto índice de ocupação das moradias e outras infecções simultâneas podem favorecer o desenvolvimento e a propagação da hanseníase. Esta doença pode atingir pessoas de ambos os sexos em qualquer idade em áreas endêmicas. Entretanto, é necessário um longo período de exposição e apenas uma pequena parcela da população infectada, adoece.
5. Qual o período de incubação?
Em média de 2 a 5 anos.
6. Como as pessoas podem suspeitar que estão com hanseníase?
Os sinais e sintomas mais freqüentes da hanseníase são manchas e áreas da pele com diminuição de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar em qualquer parte do corpo, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
7. Como confirmar o diagnóstico?
A confirmação do diagnóstico é feita pelo médico por meio de exame clínico, baseado nos sinais e sintomas detectados na observação de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. Em raros casos será necessário solicitar exames complementares para confirmação diagnóstica.
8. Como é o tratamento da hanseníase?
O tratamento específico é encontrado nos serviços públicos de saúde e é chamado de poliquimioterapia (PQT), porque utiliza a combinação de três medicamentos. Os medicamentos utilizados consistem na associação de antibióticos, conforme a classificação operacional, sendo:
- Paucibacilares: rifampicina, dapsona - 6 doses em até 9 meses;
- Multibacilares: rifampicina, dapsona e clofazimina – 12 doses em até 18 meses;
O paciente vai ao serviço de saúde mensalmente tomar a dose supervisionada pela equipe médica, e pegar a medicação para as doses que ele toma diariamente em casa. A regularidade do tratamento e o início mais precoce levariam a cura da hanseníase mais rápida e segura.
9. Como prevenir a hanseníase?
Apesar de não haver uma forma de prevenção especifica, existem medidas que podem evitar novos casos e as formas multibacilares, tais como:
- diagnóstico e tratamento precoces;
- exame das pessoas que residem ou residiram nos últimos cinco anos com o paciente;
- aplicação da vacina BCG
10. Vacinação BCG (BACILO DE CALMETTE-GUÉRIN)
Toda pessoa que reside ou residiu nos últimos cinco anos com doente de hanseníase, sem presença de sinais e sintomas de hanseníase no momento da avaliação, deve ser examinada e orientada a receber a vacina BCG para aumentar a sua proteção contra a hanseníase. Deve também receber orientação no sentido de que não se trata de vacina específica para a hanseníase. Estudos realizados no Brasil e em outros países verificaram que o efeito protetor da BCG na hanseníase variava de 20 a 80%, concedendo maior proteção para as formas multibacilares da doença. Em alguns casos, o aparecimento de sinais clínicos de hanseníase, logo após a vacinação, pode estar relacionado com o aumento da resposta imunológica em indivíduo anteriormente infectado.
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