quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mal da Montanha

No último domingo, embarquei para Bogotá, na Colômbia, para algumas reuniões de trabalho. Agenda apertada, é verdade, mas o que realmente me incomodou foram o desconforto e a dor de cabeça contínua que senti logo que baixei no Aeropuerto Internacional El Dorado. Reflexos do fato de a capital colombiana estar a 2.600 metros de altitude -- uma diferença de 1.800 metros acima da altitude em que está a cidade de São Paulo.

Não foi a primeira vez que viajei para regiões onde a altitude é mais elevada. E, geralmente, me aclimato bem às essas alterações. Com exceção da vez em que estive no Monte Chacaltaya, na Bolívia. Isso foi há quase 15 anos. E lá passei realmente mal. Mas era compreensível: o pico -- que já foi a estação de esqui mais alta do mundo -- está a mais de 5.400 metros de altitude....

Mas, a verdade é que, em regiões mais latas, é muito comum o aparecimento de um distúrbio que se chama Doença da Altitude Elevada (DAA), popularmente conhecida como Mal da Montanha, e causado pela falta de oxigênio.

Oxigênio x Altitude
À medida que a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui e menos moléculas de oxigênio estão disponíveis no ar, tornando-o mais rarefeito. Esta diminuição do oxigênio disponível afeta o corpo de muitas maneiras: a freqüência e a profundidade da respiração aumentam, alterando o equilíbrio entre gases nos pulmões e no sangue, aumentando a alcalinidade do sangue e alterando a distribuição de sais (em especial sódio e potássio) nas células. Como conseqüência, a água é distribuída de modo diferente entre o sangue e os tecidos. Essas alterações são a principal causa da doença da altitude elevada. Nessas situações, algumas pessoas chegam a produzir uma coloração azulada da pele, lábios e unhas, um efeito que se chama 'cianose'.

O organismo da maioria das pessoas ajusta-se a altitudes de até 3.000 metros em poucos dias, produzindo mais eritrócitos (hemácias, glóbulos vermelhos) para transportar mais oxigênio até os tecidos. Mas essa aclimatação a altitudes mais elevadas pode levar muitos dias e, às vezes, até várias semanas.

No geral, realizar a ascensão lentamente (levando 2 dias para atingir a altitude de 2.400 metros e um dia a mais para cada 300 a 600 metros adicionais) é uma forma de prevenir a Doença da Altitude Elevada. Especialistas dizem que o condicionamento físico também pode ajudar, mas não garante que uma pessoa irá se sentir 100% bem em altitudes mais altas. Evitar esforços mais vigorosos nos primeiros 2 ou 3 dias após a chegada no local de destino é bastante aconselhável, assim como ingerir bastante líquido e evitar uso de sal.

Outro alerta importante: é preciso ter muita cautela ao consumir álcool em altitudes elevadas. O efeito sobre o organismo pode chegar ao dobro do efeito causado pela bebida ingerida ao nível do mar.


Sintomas
Os efeitos da altitude elevada dependem de quão alto e de quão rápido a pessoa sobe. Abaixo de 2.200 metros, os efeitos perceptíveis são raros. Contudo, tornam-se muito mais comuns acima de 2.600 metros, especialmente após uma ascenção rápida.

A forma aguda da DAE é a mais comum e geralmente acomete pessoas que vivem ao nível do mar e ascendem a uma altitude moderada (2.400 metros) em 1 ou 2 dias. Nesses casos, os sintomas mais são:
  • falta de ar
  • aumento da freqüência cardíaca
  • cansaço fácil
  • cefaléia, náusea/vômito e distúrbios do sono (em cerca de 20% dos casos)

Existem formas mais graves, onde os riscos também aumentam. Entre eles, destaque para o edema pulmonar, mais comum nas pessoas que vivem em altitudes elevadas, sobretudo crianças, quando elas retornam à altitude elevada após passarem de 7 a 10 dias ao nível do mar.

Fonte: Manual Merck / Sociedade Brasileira de Cardiologia

Um comentário:

Michelle disse...

Pan, em Janeiro, quando estava em La Paz, falei com meus tios que queria ir ao Monte Chacaltaya... então me perguntaram: mas o que vc quer fazer lá? Falei: quero ir mais uma vez lá, foi a primeira vez que vi neve, tinha 6 anos... foi aí que, para minha tristeza, fiquei sabendo que não há mais neve, não há mais nada lá!!! Urgh!!! Mesmo assim, quis ir... mas ficou para o ano que vem! Não conseguimos ir até lá e confesso, desanimei! rsrsrs

Cadê vc? Ano passado, no dia 28 de maio, fomos ao Juarez de Pinheiros, quando vc conheceu meu irmão, lembra?! Um ano se passou! E nesse dia 28, vc estava com o Dani, esperando o voo de volta para o Brasil na Colombia! Loucura! Loucura! Loucura!

O tempo voa mas tem horas que parece que não passa. A eternidade parece voar e o agora parece não passar!


Amo vc!

Beijos,

Mi