sexta-feira, 12 de março de 2010

Vendaval de esperança

Há um ano, Lucca estava fazendo quimioterapia e me pediu pra escrever umas coisas que queria ditar (sim, porque preguiça pra escrever era seu sobrenome rs....). Foi super bonitinho quando ele me chamou e disse:

-- Mamãe, vamos contar prá todo mundo como é facinho fazer quimio? Todo mundo tem tanto medo, né? A gente tem que falar pra eles que vale a pena tentar. Porque é importante pro transplante dar certo. E o transplante é que vai salvar minha vida...

Sim!
Concordei com ele naquele momento e, apesar de todos os pesares, ainda concordo. Vale muito a pena tentar. Passar por um transplante de medula não é, definitivamente, algo fácil. É um procedimento cheio de riscos mas, como digo sempre, se é a alternativa que se apresenta, que lancemos mão dela!

de novo: o transplante pro Lucca deu super certo. Teria salvo de fato a vida dele não fosse a infecção besta que ele pegou no hospital e que demorou demais da conta pra ser diagnosticada e tratada adequadamente....

Hoje acordei pensando no que Lucca diria se estivesse aqui.... Ele era um menino especial, com boas sacadas e frases de impacto sempre. Talvez ele me puxasse as orelhas por eu chorar tanto.... talvez simplesmente olhasse prá mim e me diria que me ama mais do que o Universo -- como falávamos sempre um pro outro. Talvez soltasse uma gracinha qualquer. Talvez, talvez, talvez....

Como eu gostaria de fazer desses 'talvezes' algo real...... Como eu queria poder olhar nos olhinhos dele de novo, ouvir aquela risadinha e aquela graça que não largaram do rosto dele até o último minuto....

Filho, muitas saudades!! E muito obrigada pelo exemplo de vida que você me deu e me dá.

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"Meu TMO", por Lucca, em 12/3/2009

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Oi, todo mundo! Tô aqui no hospital Albert Einstein desde segunda-feira (9/3). Aqui é bem legal. E sei que o transplante também vai ser. Não tem nada do que ter medo, sabia? Durante o dia, eu fico jogando playstation, dormindo, fazendo curativo, tomando remédio. Quem precisa fazer quimioterapia não precisa ter medo. É só um remédio que põe dentro do soro. A única diferença é que o caninho que a gente toma esse soro na veia tem que passar por uma máquina que vai medindo quanto tempo falta pra quimioterapia terminar. Nesses primeiros dias to fazendo três horas de quimio por dia. Mas to tranquilo. Ah, as enfermeiras são bem legais e o Doni mais ainda. Hoje falei com meu primo Gabriel. Foi legal. E com meu padrinho. Com o papai, meus irmãos, vovó, tia Tata e Didi. Conversei com meu avô pelo MSN. Ele me viu pela câmera. Boa noite. Amanhã escrevo mais.
P.S.: Como to com preguiça de escrever, a mamãe tá digitando pra mim. Eu só to ditando... (risos)
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