Até abril deste ano, o Brasil ganhará mais um Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP). Será o primeiro da região Norte, a ser implantado na Fundação Hemopa, no Pará. A iniciativa é do governo federal, por meio do Ministério da Saúde (MS), que criou a Rede Brasilcord, para expandir esse serviço no país e aumentar as chances de quem precisa encontrar doador compatível.
O convênio foi firmado em parceria com a Fundação do Câncer, que coordena a implantação de BSCUP em todo Brasil, e administra os recursos oriundos de financiamento do Bando Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS).
Atualmente há cinco BSCUP espalhados pelo país e, futuramente, além do Hemopa, mais seis serão implantados em Fortaleza (CE), Recife (PE), Brasília, Lagoa Santa (MG), Florianópolis (PR) e Porto Alegre (RS). Serão investidos R$ 46 milhões.
O serviço tem o objetivo de coletar sangue umbilical com a maior diversidade possível, para aumentar cada vez mais as chances de encontrar doadores para pacientes que precisam de transplantes de medula óssea. Além de aumentar de 35% para 90% as chances de encontrar doador compatível, o programa reduzirá os gastos com a busca desse doador, que atualmente é de aproximadamente U$ 23 mil por cordão, que poderá diminuir para U$ 2 mil por cordão no primeiro ano de funcionamento da rede.
Em cinco anos, toda a diversidade étnica brasileira deverá ser coberta com 20 mil amostras. Desse total, 70% serão coletadas nas regiões Sudeste e Sul. O Norte, Nordeste e Centro-Oeste contribuirão com os 30% restantes.
Para que o serviço seja devidamente ampliando à população, o MS vai alimentar um sistema de informações com dados das 10 unidades da rede para fazer o monitoramento, controle de qualidade e a distribuição atendendo as necessidades de uma lista única que será centralizada no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Hoje, somente o Instituto Nacional do Câncer (Inca) possui banco de sangue de cordão umbilical.
Polêmica
Poucas pessoas sabem que é possível doar, sem qualquer custo, cordões umbilicais hoje no Brasil. E, como consequência, os bancos estão muito aquém do que seria o ideal em termos de amostras de células-tronco para serem usadas em futuros transplantes de medula. Nos últimos anos, muito se fala sobre armazenamento dos cordões em bancos privados -- processo que tem um alto custo financeiro e, segundo muitos especialistas, baixíssima efetividade.
Uma reportagem sobre armazenamento de cordões umbilicais foi publicada e distribuída mundialmente nessa semana pela Agência France Press. A matéria traz um depoimento bastante forte do cientista americano Irving Weissman, diretor do Instituto de Biologia de Células-Tronco e Medicina Regenerativa da Universidade Stanford da Califórnia: "As clínicas que se dispõem a armazenar células-tronco de cordão umbilical dos recém-nascidos para serem utilizadas mais adiante, no caso de uma doença, cometem fraude. Os cordões umbilicais contêm uma quantidade dessas células num nível que atende as necessidades de uma criança muito pequena", disse Weissman à imprensa, durante o encontro anual da American Association for the Advancement of Science (AAAS). E completou: "Essas clínicas que cobram de seus pacientes entre 50 e 150.000 dólares por uma terapia, que não tem nenhuma chance, estão tirando dinheiro de uma família que talvez precise dele no caso real de uma doença incurável. Isso não é certo".
Exercício de solidariedade
Foi graças a células de cordão umbilical que o meu Cucca pôde, há quase um ano, ser submetido a um transplante de medula para tentar interromper a adrenoleucodistrofia diagnosticada meses antes. Depois de quase 7 meses na fila do tranplante aqui no Brasil, localizamos num banco de cordões norte-americano células compatíveis. Como sabem, Lucca não está mais fisicamente aqui conosco. Ele ganhou suas asas de anjinho há seis meses por conta de uma infecção que demorou muito tempo para ser diagnosticada e tratada adequadamente. E não porque o transplante não tenha dado certo. Ao contrário. O procedimento em si, realizado em 19/3/09, foi um sucesso. A pega medular ocorreu menos de um mês depois. E, exames realizados posteriormente, indicaram que o objetivo maior de brecar a sua doen;ca de base havia sido alcançado.
Hoje em dia, e prá sempre, o vazio que ficou com sua partida é indescritível e imensurável. O aperto que a saudade deixou cala fundo..... Mas, ao mesmo tempo, uma vozinha fala mais alto que tudo. Como que se fosse um apelo pra que as pessoas se conscientizem da importância de atos tão simples, de exercícios tão fáceis de solidariedade -- como esse de doar cordões umbilicais ao invés de simplesmente descartá-los, como ocorre na esmagadora maioria das vezes.
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