terça-feira, 2 de março de 2010

Especialistas internacionais se reúnem em São Paulo para discutir os efeitos da doença renal infantil

Diagnóstico tardio é o principal problema enfrentado pelas crianças portadoras que vêem seu desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social afetados


Entre os dias 4 e 6 de março, especialistas de várias partes do mundo se reunirão no Hospital das Clínicas, em São Paulo, para participarem da segunda edição do Simpósio Internacional de Nefro-Urologia Pediátrica, o Nephrokids, organizado pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pela disciplina de Urologia da FMUSP, com o apoio da Baxter. Com o tema “Inserindo a prevenção da progressão da doença renal no cotidiano da Nefro-Urologia Pediátrica”, o evento abordará a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento adequado para tratar a doença renal crônica em crianças.

Estima-se que a doença renal crônica em fase avançada atinja cerca de 700 crianças no Brasil, afetando o desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social desses pacientes. Um dos principais problemas enfrentados é que 20% dos casos são encaminhados tardiamente para tratamento. “Como chegam em estágio muito avançado da doença, as crianças e suas famílias acabam sendo surpreendidas pela necessidade abrupta da realização transplante renal precedido ou não de algum tipo de diálise sem ter a chance de um tratamento nas fases mais precoces da doença”, afirma Dra. Vera Koch, professora livre-docente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e médica responsável pela Unidade de Nefrologia Pediátrica do Instituto da Criança da FMUSP.

A demora no início do tratamento ocorre principalmente porque a doença pode ser silenciosa e não apresentar sintomas específicos nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce se não forem reconhecidas as situações de risco. Se não for tratada imediatamente, a insuficiência renal pode aumentar o risco de a criança desenvolver doenças associadas, especialmente as de coração, causa de mortalidade mais comum entre pacientes renais pediátricos.

Uma pesquisa realizada pelo Johns Hopkins Children’s Center, nos EUA, demonstrou que a doença renal, até mesmo em estágio leve ou moderado, afeta diretamente a qualidade de vida. Segundo os autores, crianças com doença renal crônica têm prejuízos, físicos, emocionais, intelectuais e sociais e, portanto, precisam de apoio em todos os aspectos.

“A criança com doença renal crônica pode apresentar déficit de crescimento, anemia, cabelos mais finos e quebradiços, desânimo, falta de apetite, limitações para brincadeiras, distúrbios de minerais no sangue, entre outros problemas”, ressalta Dra. Koch. “Se não tratada adequadamente, a doença renal infantil pode causar até mesmo deformidades ósseas irreversíveis”, ressalta a médica.

Atualmente, os casos diagnosticados são mais comuns em pacientes com doenças associadas, como problemas oncológicos e cardiopatias, e em crianças provenientes de fertilização in vitro ou que passaram por sofrimentos intra-utero, resultando na má-formação dos rins.



Mais informações: www.nephrokids.com.br

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