quarta-feira, 17 de junho de 2009

Resultado da colonoscopia é normal...

Médicos aguardam avaliação complementar da biópsia realizada durante o exame de ontem, mas já dão início ao tratamento de outra suspeita, a da ação do vírus Epstein-Baar

Depois de mais de 15 horas de preparo -- entre tomar laxantes por via oral e fazer duas lavagens no instestino --, Lucca foi submetido ontem no início da tarde de ontem a um exame de colonoscopia. Os médicos suspeitavam que a causa das febres altas associadas à diarréia e distenção de abdômen pudesse ser uma colite (infecção no cólon, ou intestino) -- leia também Colite é uma das suspeitas de ser a causadora das febres altas e diarréias no Lucca.

Felizmente, o resultado do exame foi normal. Nada que confirme essa suspeita foi detectado até o momento. Contudo, durante a avaliação, foram retiradas micro-partes das peredes intestinais para biópsia. A biópsia é um procedimento cirúrgico no qual se colhe uma amostra de tecidos ou células para posterior estudo em laboratório. Esse estudo permite identificar fatores bastantes detalhados tais como a evolução de determinada doença crônica.

Nova terapia medicamentosa
O resultado das biópsias feitas neste terça-feira no cólon do Lucca ainda demora alguns dias para ficar pronto. De qualquer forma, desde já, Dr Nelson Hamerschlak fez uma alteração importante na conduta de tratamento dele, prescrevendo o MabThera® (rituximabe). Isso porque o especialista acha importante iniciar imediatamente o tratamento de uma possível ação do vírus Epstein-Baar no organismo do Lucca, que veio positivado no exame de sangue colhido em 08/6.

Lucca já era soropositivo para esse vírus antes do transplante, isto é, já havia tido algum contato com ele, porém o EBV estava inativo, 'adormecido' -- como ocorre na grande maioria da população. Mais de 90% das pessoas já tiveram contato com o EBV porém o sistema imunológico delas desenvolve anticorpos para combatê-lo e impedir que doenças causadas por ele se manisfestem. É comum, contudo, que o vírus volte a se manisfestar quando há uma supressão do sistema imunológico do paciente, que é o que acontece com o Lucca por conta do TMO.

Sobre a mononucleose
Considerada a mais comum dentre as causadas pelo vírus de Epstein-Baar, a mononucleose é uma doença infecciosa, contagiosa, que se segue à infecção dos linfócitos B (e das células do epitélio da orofaringe). Os linfócitos (que são um dos tipos de leucócitos -- células de defesa) infectados são "transformados" ou "imortalizados", e adquirem a capacidade de gerar linhagens contínuas in vitro, tal como certas células neoplásicas. Há proliferação linfóide generalizada, não só pelo estímulo viral, como também pelo aparecimento de linfócitos T CD8+ citotóxicos, empenhados na destruição dos linfócitos B infectados. O vírus determina também a diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos e grande produção de anticorpos (gamopatia policlonal). Estas alterações se resolvem em pouco tempo, geralmente sem maiores conseqüências, embora a infecção pelo vírus causador persista por toda a vida do indivíduo, durante a qual a taxa de linfócitos transformados é mantida baixa pela imunidade.

Por que tratar Lucca com MabThera®
MabThera® é um anticorpo monoclonal que se liga especificamente ao antígeno transmembrana CD20. Este antígeno está localizado nos linfócitos pré-B e linfócitos B maduros, mas não em células progenitoras, células pró-B, células plasmáticas normais ou outros tecidos normais. Após a ligação do anticorpo, o antígeno CD20 não é introduzido na célula nem liberado da membrana celular para o ambiente. O antígeno CD20 não circula no plasma como antígeno livre e, portanto, não compete com a ligação de anticorpos. O que quer dizer que a doença estará controlada.

Esse é o mesmo medicamento que a ministra Dilma Roussef está tomando como parte do tratamento de Linfoma (uma doença que também afeta as os linfócitos B) que lhe foi diagnosticada semana trás.

Cada dose desse remédio, nem sempre disponível no SUS, custa até R$ 10 mil, e é considerado uma das maiores descobertas dos últimos tempos no que se diz respeito à chamada Target Therapy (ou terapia-alvo), já que ele é capaz de reconhecer uma molécula que fica na superfície das células doentes, destruindo-as especificamente e poupando as células saudáveis do organismo.

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