Há exatamente uma semana, Lucca registra febres todos os dias. E não têm sido febres moderadas como ocorreram nas outras vezes que ele teve de ser reinternado. Agora, são registros comumente acima de 38,5oC, e que já chegaram a 39,6oC -- como nessa última noite.
Os médicos ainda não sabem dizer qual a razão desse quadro. Sabe-se que hpa uma infecção em curso e que está se agravando -- o exame de PCR mostrou isso: ontem o resultado foi de 194,8mg/dl e hoje subiu para 297,2mg/dl (lembrando que a faixa de normalidade é a que está compreendida entre 0,0 e 3,0mg/dl).
Lucca também fez um outro exame, chamado PCT -- ou Dosagem Quantitatva de Pró-Calcitonina. O resultado, que foi de 0,83 ng/ml, indica nível associado a resposta inflamatória sistêmica moderada.
Investigação
Como comentei antes, vários exames foram feitos e vieram negativos -- o que é um ótimo sinal por um lado mas que, por outro, só faz aumentar a ansiedade e a dúvida: de onde vem essa febre então?!?!?
Nesse momento, a equipe médica que acompanha o Lucca direciona sua linha de investigação para três locais específicos, sempre na tentativa de identificar o foco da infecção que estaria causando esse quadro crônico de febre nele: intestino, seios da face e catéter de Hickman. Para isso, alguns novos exames foram feitos de sexta-feira para cá:
- exames de hemocultura em amostras de sangue retiradas pelo catéter, que vieram todos negativos -- afastando a possibilidade de infecção nesta via;
- exames de sangue específicos para detecção de vírus no organismo do Lucca -- na amostra coletada em 08/6, o vírus EBV (Epstein-Bahr), causador da mononucleose, veio positivado (exames anteriores feitos desde antes do TMO estavam negatiuvos inclusive o feito em 03/6);
- um ecocardiograma, espécie de ultrassonografia que monitora o coração, que não identificou a presença de focos de infecção no catéter que foi colocado no peito dele há 3 meses e por onde são colhidas amostras de sangue diariamente para os exames de rotina e acompanhamento, e são infundidos medicamentos endovenosos;
- uma ultrassonografia de abdômen que acusou espessamento em algumas alças intestinais que seriam indícios de uma colite (infecção no cólon); felizmente nenhum coágulo é percebido na bexiga (que poderia ser um efeito da presenção do BK-vírus positivado na semana passada).
Amanhã, os médicos da equipe do Dr Nelson Hamerschlak pretendem discutir com ele e com um time multidisciplinar -- que envolverá o infectologista Dr Luis Fernando Aranha e a otorrinolaringologista Dra Luici Hidal -- sobre o caso do Lucca e esse quadro de febres persistentes.
Histórico
Como já falamos antes, processos infecciosos e reinternações são eventos esperados no período pós-transplante de medula óssea, em especial por conta da fragilidade que afeta o sistema imunológico do paciente até que a nova medula esteja funcionando em sua plenitude.
Lucca está na quarta reinternação. As três primeiras foram em decorrência de um único pico de febre em cada uma. Depois de hospitalizado e sob efeito dos medicamentos, ele não voltou a apresentar alteração de temperatura e, quatro ou cinco dias depois, estava apto a receber alta.
Dessa vez está sendo diferente. Bem diferente. Amanhã completamos duas semanas de internação. Um primeiro pico febril ocorreu no dia 01/6 e nos dias seguintes, o quadro estava se estabilizando. Ele quase teve alta. Mas no domingo passado voltou a registrar temperatura alta, quadro que permanece desde então.....
De ontem para hoje, ele teve febre alta a madrugada toda. E nada foi capaz de fazê-la baixar. Fiquei realmente preocupada, apreensiva. Não conseguia dormir. Passei a noite inteira sentada na cabeceira dele, com minha mão sobre a testa dele, e com o termômetro em punho. Por mais que eu soubesse que aquilo tudo pode ser esperado, o apero no coração parecia não reconhecer a mensagem da mesma forma. Foi uma madrugada de angústia inevitável.... Nada podia ter sido melhor naquela situação do que quando vi um 37,5oC no termômetro hoje de manhã, por volta das 8h.... Era o fim de uma noite longa, muuuito longa, e muito dolorida.
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