terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Depressão: fatos e números

  • No Brasil, a prevalência da depressão ao longo da vida é de 15%
  • Quem sofre de depressão perde cerca de 35 dias de trabalho por ano
  • Estima-se que a depressão atinja duas vezes mais mulheres do que homens

A depressão torna-se cada vez mais prevalente e, mesmo assim, continua cercada de mitos e preconceitos. Falar abertamente sobre o transtorno depressivo e divulgar informações corretas e esclarecedoras são dois pontos de partida para que a doença seja cada vez mais reconhecida, diagnosticada e tratada corretamente. A seguir, o psiquiatra Primo Paganini, gerente médico de Sistema Nervoso Central da Pfizer, elucida e comenta fatos e números relacionados à depressão.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão atinge cerca de 121 milhões de pessoas no mundo[1]. As taxas de prevalência ao longo da vida variam de aproximadamente 3% no Japão a 16,9% nos Estados Unidos[2].

“No Brasil, a prevalência da depressão ao longo da vida é de 15%. Há ainda estudos que apontam prevalência da enfermidade de até 20% na população mundial”, conta Paganini. Já as diferenças da população atingida de um país para outro podem ser atribuídas a questões culturais. “No Japão, por exemplo, as pessoas são mais reservadas e acabam guardando para si algumas mudanças de comportamento que representam sintomas depressivos, como pouca energia e falta de prazer em atividades antes agradáveis, por exemplo. Assim, a doença pode existir, mas não é notada e nem diagnosticada. Essa pode ser uma explicação para índices tão baixos de prevalência da depressão naquele país, quando comparados aos de outras localidades”, pondera o psiquiatra.

Gênero
Estima-se que a depressão atinja duas vezes mais mulheres do que homens ao longo da vida[3]. “Antes da puberdade e depois da menopausa, o índice de depressão é muito semelhante entre homens e mulheres”, aponta Paganini. “A maior propensão de o sexo feminino desenvolver a doença deve-se, entre outros fatores, à oscilação dos ciclos de estrogênio – conhecido como hormônio feminino*. Essa variação hormonal diminui a comunicação entre os neurônios (sinapses), peças-chave na química da depressão, aumentando os sintomas depressivos. As principais fases de alterações hormonais nas mulheres são: menarca (primeira menstruação), gravidez, pós-parto e pré-menopausa. Assim, as mulheres têm grande fragilidade para o desenvolvimento de transtornos mentais, especialmente a depressão”, complementa.

Tratamento
Antidepressivos e psicoterapia são eficazes para cerca de 60% a 80% dos pacientes[1]. “Atualmente sabe-se que a depressão é multifatorial, estando relacionada a diferentes questões, como genética ou estilo de vida, entre outras. Por isso, o tratamento também deve seguir esse conceito”, explica. “A psicoterapia de qualidade associada ao antidepressivo adequado para cada paciente é uma fórmula que costuma dar resultados bastante positivos. Não se pode falar em cura da depressão, mas em seu controle. Isso significa a busca da remissão – ou seja, a inexistência de sintomas”, esclarece Paganini.

Da mesma forma que o entendimento sobre a depressão evoluiu, o mesmo aconteceu com o tratamento: os antidepressivos de 1ª geração, conhecidos como tricíclicos, apresentavam alta eficácia, mas também efeitos colaterais significativos que diminuíam a adesão dos pacientes ao tratamento. Já os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS – 2ª geração), causavam menos eventos adversos, mas eram menos eficazes que os medicamentos da geração anterior.

Atualmente, os antidepressivos modernos conseguem aliar as principais características dos tratamentos anteriores: atuam de maneira eficaz e causam menos eventos adversos. Eles são conhecidos como 3ª geração de antidepressivos ou duais, pois agem como inibidores de receptação de dois neurotransmissores (serotonina e noradrenalina), diretamente relacionados ao mecanismo da depressão. Um exemplo é Pristiq (desvenlafaxina), que facilita a adesão ao tratamento por apresentar eventos adversos mais brandos, com pouca interferência no peso e na libido, baixa interação medicamentosa, inclusive com anticoncepcionais.

Impacto
Estima-se que em 2020 a depressão seria a segunda principal causa de incapacidade no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares[1]. Segundo a OMS, 31,7% de todos os anos vividos com incapacidade são atribuídos a condições neuropsiquiátricas, sendo que a depressão é a principal delas: responsável por 11,8% desse total [4].

“As doenças neuropsiquiátricas já são hoje a primeira causa de incapacidade no mundo ao longo da vida, e a depressão representa quase 50% dessas enfermidades que fazem pessoas faltarem no trabalho, se aposentarem mais cedo ou mesmo contribuem para o chamado presenteísmo – quando apesar de comparecer ao trabalho, o profissional não consegue produzir”, alerta Paganini. “Para se ter uma ideia, enquanto um paciente com diabetes falta 6 dias ao ano no trabalho devido à doença; uma pessoa com problemas cardiovasculares se ausenta 8 dias e quem sofre com asma falta 10 dias. Já quem sofre de depressão apresenta um prejuízo muito maior, perdendo cerca de 35 dias de trabalho por ano”, compara.




Referências

1.    Organização Mundial da Saúde, disponível emhttp://www.who.int/mental_health/management/depression/definition/en/

2.    Federação Mundial para Saúde Mental, disponível emhttp://www.wfmh.org/2010DOCS/DEPRESSION%20PORTUGUESE%202010.pdf pág.06

3.    O Impacto da depressão, Dra. Márcia Britto de Macedo Soares, no site da ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos, disponível em http://www.abrata.org.br/site/artigos/artigos.asp?vLink=artigos&artigoId=32

4.    “No Health Without Mental Health”, Lancet 2007; 370: 859–77 (Martin Prince, Vikram Patel, Shekhar Saxena, Mario Maj, Joanna Maselko, Michael R Phillips, Atif Rahman), parte da série de 06 publicações sobre Saúde Mental

*O estrogênio tem influência em praticamente todas as características típicas da mulher: crescimento das mamas, alargamento dos quadris, desenvolvimento da vagina e do útero, entre outras. A produção deste hormônio começa na adolescência, quando essas mudanças afloram, transformando a menina em mulher. Suas taxas diminuem com a aproximação da menopausa.

Fonte: Pfizer

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