Um novo tratamento disponível no Brasil para prevenir o risco de AVC (acidente vascular cerebral) acaba de ser instituído no Hospital Pró-Cardíaco do Rio de Janeiro. Trata-se da oclusão do apêndice atrial. A técnica foi apresentada pelo cardiologista Eduardo Saad, coordenador do Serviço de Arritmias e Estimulação e do Centro de Fibrilação Atrial do Hospital Pró-Cardíaco (RJ), durante o Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, que será realizado em Brasília até o próximo dia 3 de dezmebro, no Centro de Convenções Brasil 21.
O procedimento é utilizado na prevenção de AVC em pacientes idosos portadores de fibrilação atrial (arritmia cardíaca responsável por até 20% de todos as isquemias cerebrais) que possuem alguma dificuldade ou contra indicação para uso de anticoagulantes.
A fibrilação atrial é a arritmia mais frequente encontrada na cardiologia, sendo muito comum em pacientes idosos. Sua incidência aumenta com a idade, ocorrendo em cerca de 1% dos indivíduos com idade inferior a 60 anos e quase 10% naqueles com mais de 80 anos. Sua presença acarreta fluxo lento de sangue e consequente formação e embolização de coágulos, que ocorre no apêndice atrial esquerdo.
De acordo com o cardiologista do Pró-Cardíaco, pacientes com arritmia cardíaca do tipo fibrilação atrial são dependentes do uso crônico de medicações anticoagulantes, justamente para prevenir a formação destes coágulos. Em até 20-30% destes casos há alguma restrição ao uso dos anticoagulantes.
"Isso se deve ao risco de desenvolverem sangramentos graves e, por isso, acabam não recebendo a recomendação de usar esse tipo de remédio, ficando então sujeitos a terem um AVC", afirma Saad. "A oclusão (obstrução, interrupção) do apêndice atrial serve justamente para esses casos, já que após o procedimento, os remédios anticoagulantes podem ser dispensados e o paciente permanece protegido das embolias", acrescenta o cardiologista.
O Pró-Cardíaco é o primeiro hospital privado do Estado do Rio de Janeiro e no Brasil a realizar esse tipo de tratamento, através do Serviço de Arritmias e do Centro de Fibrilação Atrial do Pró-Cardíaco. O procedimento também está disponível nas unidades terciárias especializadas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o novo procedimento
A técnica consiste em implantar, por meio de cateter, uma prótese no apêndice atrial (localizada na superfície do átrio esquerdo e principal local de acúmulo de coágulos). O novo tratamento, realizado sob anestesia geral, é minimamente invasivo (requer apenas uma punção de veia) e com duração de aproximadamente 1h30 min. O paciente tem alta em menos de 24 horas.
"Durante o procedimento, é inserida uma prótese que veda o apêndice atrial esquerdo na câmara superior esquerda do coração, onde se formam os coágulos que se desprendem e ocasionam o AVC”, explica o Dr. Eduardo Saad.
A prótese é guiada até o apêndice atrial, sendo levada por cateteres manipulados dentro do coração. A oclusão total desta estrutura ocorre em mais de 95% dos casos. O objetivo do procedimento é ocluir o apêndice, impedindo a formação dos coágulos.
“A auriculeta (apêndice) é a fonte de origem de trombos (coágulos) em até 91% dos casos, devido ao baixo fluxo de esvaziamento causado pela ausência de contração durante a fibrilação atrial. Por isso, é esperado que estratégias que têm como alvo a auriculeta esquerda reduzam significativamente os acidentes embólicos”, acrescenta o especialista.
Os pacientes de maior risco para o desenvolvimento das complicações embólicas decorrentes da fibrilação atrial são os idosos, os diabéticos, os hipertensos e aqueles que já tiveram um acidente vascular cerebral no passado.
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