segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lula vai tratar câncer na laringe com quimioterapia


Do Terra

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia, nesta segunda-feira, em São Paulo, o tratamento contra o câncer de laringe, diagnosticado no sábado. O político passará por tratamentos que envolvem três sessões de quimioterapia e sessões de radioterapia. Sobre a doença, o Terra entrevistou o oncologista e especialista em cirurgias de cabeça e pescoço do Hospital A.C Camargo, de São Paulo, José Guilherme Vartanian. De acordo com o médico, a rouquidão permanente é um dos sintomas clássicos do surgimento do câncer de laringe. "A rouquidão persistente e progressiva é um dos principais sinais do comprometimento da laringe. A rouquidão do câncer é, geralmente, progressiva. Você tem rouquidões transitórias, como laringite ou abuso da voz. Esse não é o caso do câncer, que é progressivo", disse.


O médico também avaliou o possível estágio do câncer desenvolvido pelo ex-presidente. Analisando os procedimentos adotados pela equipe médica, é possível ter uma ideia do estágio da doença. "O que a gente sabe, que a mídia tem veiculado e pelos boletins dos médicos envolvidos no caso, trata-se de uma lesão de inicial para intermediária. Sabe-se que ele teve rouquidão, depois evoluiu para quadro de dor. Sabemos que quanto mais sintomas, mais evoluída está a doença. Também pelo uso da quimioterapia. Nós, da área oncológica, sabemos que em casos iniciais se opta pela cirurgia ou pela radioterapia individualmente", falou o médico.

"Deve ser de grau inicial para intermediário. Não deve ser avançado, pois não tem uma incidência metastática, que é um dado marcante para esse tipo de doença", completou o oncologista, que acredita que, se for bem sucedido o tratamento, Lula terá uma alteração mínima na voz. "A sequela pode ser mínima ou moderada. Ele pode ficar com a voz parecida como era antes, já que ele tem uma voz rouca, mas é fundamental o acompanhamento de fonoaudiólogo após o tratamento", falou.
 
Tabaco e bebidas
"Sabemos que o risco está associado aos hábitos, geralmente a quem fuma e bebe. Sabemos que muitas pessoas consomem álcool e tabaco em excesso e não desenvolvem, mas também sabemos que pessoas que possuem parentes que tiveram neoplasia de cabeça e pescoço possuem mais chances de desenvolver a doença", disse o médico, que apontou outros fatores que podem favorecer o surgimento da doença: "existem outros fatores menores, como infecção pelo vírus HPV, o mesmo que causa câncer do colo do útero nas mulheres, e que pode provocar câncer de cabeça e pescoço", completou.
 
Maior incidência em homens
O câncer de laringe é diagnosticado, na maioria dos casos, em pacientes do sexo masculino. De acordo com o médico, esse fato pode estar associado ao consumo de tabaco e bebidas alcoólicas, que são fatores que podem ajudar no aparecimento da doença. "Isso tem muita relação com o próprio hábito de fumar e beber. Sabemos que mulheres também consomem tabaco e álcool, mas com certeza, no âmbito da população masculina, esse consumo é mais pesado", explicou.
 
Mais casos em São Paulo
O oncologista José Guilherme Vartanian também ressaltou o fato deste tipo de câncer ter maior incidência em algumas cidades, como São Paulo. "Uma pesquisa divide em cidades que possuem menos de cinco casos para cada 100 mil habitantes, entre cinco e dez casos e acima de dez casos para cada 100 mil habitantes. São Paulo está nesse grupo, temos trabalhos que mostram quase quinze casos a cada 100 mil habitantes. A média mundial é de 5 mil, São Paulo tem quase o triplo", disse. De acordo com o médico, a provável causa deste dado é o fato da população da maior cidade do Brasil, provavelmente, fumar e beber mais e ser atingida diretamente pela poluição.
 
Cura
Após os tratamentos com quimioterapia e radioterapia, o ex-presidente será avaliado e os médicos vão constatar a evolução da doença e do tratamento. Para o oncologista, a cura só pode ser confirmada após, no mínimo, cinco anos de acompanhamento médico. "De maneira geral, todas as pesquisas e oncologistas apontam que, para dar certeza que a doença esteja curada, você tem que dar o diagnóstico completo e acompanhar o paciente por cinco anos", disse.


O câncer de Lula
Após queixa de dores de garganta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma série de exames na noite de 28 de outubro. Na manhã do dia seguinte, foi divulgado boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, informando que foi diagnosticado um tumor maligno na laringe, que seria inicialmente tratado por quimioterapia.
O câncer na região da laringe é mais comum entre homens e o de maior incidência na região da cabeça e pescoço. Os principais fatores que potencializam a doença são o tabagismo e o consumo de álcool. Já os sintomas são: dor de garganta, rouquidão, dificuldade de engolir, sensação de "caroço" na garganta e falta de ar.

Fonte: Terra.com.br

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