quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Anvisa proíbe venda de anfetaminas mas mantém Sibutramina

Por decisão unânime, a diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu ontem, 4/10, a venda de parte dos medicamentos inibidores de apetite no País. Em no máximo 60 dias, deverão ser retirados do mercado os derivados da anfetamina (femproporex, anfepramona e mazindol), geralmente usados no tratamento da obesidade. Os registros desses remédios serão cancelados.

Já a droga sibutramina teve sua autorização mantida, mas com ampliação do controle de venda. Um termo de informação sobre eficácia e segurança do medicamento deverá ser assinado pelo médico e também pelo paciente. Segundo a agência reguladora, essas exigências estão relacionadas à possibilidade de aumento da incidência de problemas cardíacos em pacientes com fatores de risco gerado pelo sibutramina, segundo estudos clínicos publicados recentemente.

Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, defendeu o uso da sibutramina em obesos sem histórico de doenças cardiovasculares, pacientes com diabetes e mulheres com ovários policísticos. “Um plano adequado de minimização de riscos pode permitir utilização com mais segurança”, afirmou.

Essa discussão sobre a proibição de remédios emagrecedores começou em fevereiro, quando a Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) emitiu um parecer recomendando a proibição da venda de todos os emagrecedores, incluindo a sibutramina, por entender esses remédios trazem mais riscos do que benefícios à saúde.

A forte reação da classe médica fez com que fosse convocada um painel científico em Brasília, em meados de junho, que contou com a participação de especialistas de todo o país e do cardiologista e pesquisador norueguês Christian Torp-Pedersen, coordenador do estudo Scout, sobre os efeitos da sibutramina em pacientes obesos. Foi com base neste estudo que a Anvisa propôs a proibição dos emagrecedores.

Parte da classe médica é contra a proibição dos medicamentos, porque ficaria sem opção para o tratamento de pacientes com distúrbios alimentares. O Conselho Federal de Medicina (CFM) defendeu o aumento da fiscalização da venda dos emagrecedores, mas apelou para que eles continuem no mercado. Em março deste ano, a ONU divulgou um relatório defendendo o uso dos inibidores de apetite no combate à obesidade, mas recomendou controle sobre a venda e prescrição da droga. Em agosto, a Anvisa adiou a votação sobre o caso diante da ausência de um diretores e porque a reunião não havia sido realizada em sessão pública.

Segundo dados do Ministério da Saúde, atualmente 15% da população brasileira é obesa e 55% sofre com o excesso de peso, causado principalmente pela alimentação excessiva e desequilibrada e pelo crescente sedentarismo. Um dos maiores problemas enfrentados pelas pessoas que precisam emagrecer é a dificuldade de controlar o apetite.

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