quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Diagnóstico precoce do câncer de rim aumenta em mais de 80% as chances de cura

Imagine a seguinte situação:
A pessoa começa a perder peso e ter febre. No entanto, a rotina do dia-a-dia faz com que ela não dê a devida atenção a esses sinais. Um terceiro sintoma, como dor abdominal, geralmente leva a pensar primeiro em infecção urinária ou reflexo de desconforto gastro-intestinal por algo que tenha ingerido algum tempo atrás. Diante do agravamento das dores, é que ela decide ir ao médico, que pede exames. Após avaliá-los, o especialista diagnostica como câncer de rim.

As causas do surgimento do câncer de rim não são totalmente conhecidas. Entretanto, fatores como cigarro, obesidade, herança genética e hipertensão consistem em fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Dados do Encare apontam a hipertensão e a obesidade em 46% e 18% dos casos de câncer de rim respectivamente como os principais fatores de risco.

Estudo Nacional sobre o Câncer Renal (Encare) realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aponta que 73% das pessoas receberam o diagnóstico de câncer de rim depois de passar por um ultrassom abdominal por outro motivo. Segundo o especialista Oren Smaletz, o diagnóstico precoce faz toda a diferença. “Nesse estágio, o percentual de cura em tumores pequenos ultrapassa os 80%”, completa. No entanto, de acordo com o Encare, quase 40% dos casos de câncer de rim, por exemplo, são diagnosticados quando o tumor está nos estágios avançados e com poucas chances de cura.

Representando cerca de 85% dos tipos de tumores nos rins, segundo a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o carcinoma de células renais (CCR) é um tipo de câncer de rim bastante agressivo e, até pouco tempo, com poucas opções de tratamento. A doença representa aproximadamente 2% dos novos casos de câncer e causa cerca de 100 mil mortes anualmente no mundo.

Em relação aos tratamentos para o carcinoma renal, a cirurgia para retirada do tumor é a forma mais indicada nos casos mais precoces. Porém, apesar da remoção por cirurgia, o tumor retorna em 33% dos pacientes. Nestes casos, outras terapias podem ajudar, mas somente um médico pode prescrevê-las adequadamente.

Uma nova e grande aliada no combate aos diversos tipos de câncer é a terapia-alvo, que tem como principal característica a seletividade da ação. Esse tratamento atinge preferencialmente partes importantes das células tumorais e age diferentemente da quimioterapia tradicional – que ataca todas as células que se multiplicam rapidamente, sem fazer diferenciação entre as saudáveis e as tumorais. Por ter ação tão específica, esses medicamentos provocam menos efeitos colaterais. Atualmente, existem alguns medicamentos disponíveis no mercado nacional que se encaixam nesse tipo de terapia-alvo, como os inibidores de tirosinoquinases, os inibidores da mTOR e os anticorpos monoclonais.

Sutent (malato de sunitinibe) é um dos exemplos da terapia-alvo. Inibidor de tirosinoquinase, o medicamento tem mecanismo de ação duplo, impedindo o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor e atacando diretamente as células tumorais, o que evita sua multiplicação. Há também o tensirolimo (Torisel), indicado para pacientes com câncer renal mais agressivo, possuindo mecanismo de ação moderno também baseado no conceito das terapias-alvo, a inibição do receptor mTOR. Com esta atuação, a medicação proporciona sobrevida mais longa a estes pacientes.

“Nos últimos cinco anos, o tratamento ao câncer de rim está entre os que mais avançaram. Isso só foi alcançado pelo desenvolvimento de novos medicamentos, elaborados a partir de uma maior compreensão da biologia do tumor de rim. Com isso, os pacientes ganharam mais opções terapêuticas e, consequentemente, estão vivendo mais e com melhor qualidade de vida”, conclui Smaletz.

Um comentário:

Maria Edith disse...

Tenho muito respeito por pessoas que fazem a diferença como voce. Voce, atraves de seu blog, nos ajudou muito. Parabens por suas matérias. Continue sempre. E mais uma vez. Obrigada.