"Oito meses... Duzentos e quarenta dias de intensa saudade! Foi num dia 19, como hoje, que o nosso Lucca – cansado de tantas estripulias médicas no seu organismo cansado, entregava a alma ao Senhor, devolvendo-se ao céu de onde, como um anjo, havia saído nove anos antes.
E, cada dia destes oito longos meses teve a mesma amargura daquele fatídico 19 de agosto em que, de peito oprimido, carregamos o ataúde daquele moleque - até uns meses antes, tão vivo e alegre, - para a sua nova residência situada num cubículo acanhado e triste, coberto por uma lápide sombria. E, hoje, quando para lá nos dirigimos para prestar homenagem à nossa saudade, a bússola que nos orienta é uma plaqueta de metal amarelo, onde está grafado o nome do nosso tão querido Lucca e, antecedidas por uma estrela e por uma cruz, as datas em que ele aportou no mundo, e a fatídica 19 de agosto de 2009 que marcou o nosso calendário com as marcas indeléveis da sua partida.
Os ciprestes perfumam a nova casa que agora lhe serve de endereço. Tudo é sombrio e triste! Até os pássaros parecem ter medo de cantar e, com isso, incomodar o sono dos estranhos inquilinos que, como o nosso garoto, dividem juntos aqueles pedaços de chão.
Ainda hoje, é difícil controlar as lágrimas teimosas que insistem em rolar pelo nosso rosto quando nos lembramos, com muita saudade, das horas felizes que passamos juntos. Dizem que o tempo nos ajuda a encontrar o conformismo para as coisas pouco agradáveis da vida – ledo engano! Talvez o Senhor tente balsamizar as nossas almas fazendo-nos crer que ele hoje deva estar em lugar muito mais benfazejo, cercado de almas amigas que, como fazíamos por aqui antes dele dormir, preocupem-se em não deixar faltar-lhe o copinho de leite morno, o aconchego carinhoso das cobertas para que o frio noturno não o moleste e as cantigas suaves que ele nos pedia tão inocentemente como acalanto.
Almas amigas, cuidem aí dessa criança, já que nos impediram de fazê-lo aqui, como gostaríamos. Puxem-lhes as orelhas se preciso for, mas levem em conta que ele foi sempre um garoto muito cônscio dos seus deveres e atencioso aos conselhos que recebia. Talvez, tenha a sapequice e a má vontade que todos nós tivemos nessa idade, mas nada que cause alguma estranheza ou preocupação mais séria! Ele é doce, bom, tem a religiosidade à flor da pele, mas, talvez, um pouco indolente quando existam muitas lições por fazer ou elas lhe exijam escrever demais. Porém, se querem deixá-lo feliz, ofereçam-lhe problemas aritméticos, mas, cuidado, porque ele é "fera" e tem uma percepção e raciocínio muito apurados na tratativa com a arte dos números. Até na tabuada acho que ele se sairá razoavelmente bem. E, se errar, será em um ou outro resultado esparso!
Contem-lhe histórias, brinquem com ele, façam-no rir às gargalhadas como ele fazia por aqui nos alegrando. E deixem-no correr e jogar bola - nos últimos tempos era o que ele mais desejava fazer com os irmãos – sentir as pernas firmes novamente e com potência para chutar longe a bola, nem que esse longe fosse o telhado do vizinho, onde fatalmente a bola caía nas suas brincadeiras antes de ficar doente!
Venham buscar conosco o seu diabolô, para que ele se exiba pomposamente e ensine aos anjinhos do seu tamanho, a difícil arte, aprendida com os seus coleguinhas do Colégio, de fazê-lo rodopiar velozmente ou subir muito alto com um impulso mais atrevido, voltando depois a acomodar-se comportadamente sobre o fio que se prende às duas varetas. Temos certeza de que todos, por aí, ficarão estupefatos com tamanha habilidade.
Mas, se ele preferir o álbum de figurinhas do campeonato de 2009 que andava colecionando, os seus Gogos, ou ainda o par de tênis que nos pediu para guardarmos para quando voltasse, venham também, pois, tudo ainda está guardadinho, já que não tivemos a coragem de nos desfazer de nada do que lhe pertencia. Até o aeromodelo que montávamos juntos, continua semi-montado exatamente como nós o deixamos da última vez.
Jesus, nas vossas mãos entregamos um daqueles pequeninos que um dia dissestes ser dono do Reino dos Céus. Faça-o sentar-se no seu colo e ínsita para que reze o Pai Nosso, ou a oração que rezávamos juntos todas as noites, aqui em casa, antes dele dormir. Abençoa-o e intercede junto a Deus, pois ele é realmente uma criança muito especial! Por isso proteja-o e abençoa-o por nós!
E, Jesus, preocupados em não desperdiçarmos seu tempo precioso, uma última recomendação: - por favor, diga-lhe sempre que nós aqui o amamos muito e que jamais o esqueceremos!
Segue anexado à esta o nosso beijo carinhoso."
Um comentário:
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