Falta também sentido de vida.
Falta ver o Lucca ali na cama, brincando, pintando, fazendo dobraduras, assistindo Ben10 na TV, se esborrachando de rir enquanto passava o velho e bom Chaves no SBT....
Foram semanas e mais semanas, meses inteiros em que a válvula propulsora prá eu abrir o laptop todo dia, enquanto sentada naquele sofá-cama do quarto da Pedriatria do Einstein, emanava do Lucca. Era ele quem me dava a força e o estímulo de escrever.
Sei que já falei disso antes e do quanto me recuso a voltar ao Blog prá dividir essa dor que insiste em não passar. Toda vez que percebo que essa sensação quer ganhar espaço em mim, só faço relembrar de uma frase que o Cucca me disse um dia, lá por volta do meio de junho desse ano: "Mamãe, eu só tô aqui porque você tá comigo do meu lado....". É como se eu me retroalimentasse dessa memória. E lá se foram 60 dias.....
Passei o dia todo trabalhando muito, correndo muito, ocupando muito a cabeça, driblando as lágrimas doloridíssimas que, a toda hora, queriam rolar. Nunca pensei no quanto 2 meses passam rápido e, ao mesmo tempo, se arrastam, numa eternidade sem fundo ou fim......
Hesitei até em entrar no Blog hoje, como faço todas as manhãs.... Só tive peito de entrar agora há pouco. Ainda meio sem saber o que escrever. Tinha de entrar. Pode parecer meio 'surreal' o que vou dizer agora, coisas de mãe 'abilolada' talvez..... Quem me conhece, sabe do quanto eu brinco (e acredito!) sobre a vida mandar sinais. Eu já estava deitada, rolando de um lado pro outro na cama sem conseguir pegar no sono.
Liguei a TV. Estava num canal a cabo. Estava começando o filme "2 Filhos de Francisco". Comecei a chorar muito! Me senti abraçada pelo Cucca como não aconteceu nesses 60 dias..... Senti meu filho mais perto do que nunca. Senti uma saudade enorme. Senti o Lucca. E só fiz parar de chorar prá entrar aqui.
EXPLICANDO A HISTÓRIA
Particularmente, gosto muito do longametragem "2 Filhos de Francisco". Dirigido por Breno Silveira, esse é, na minha opinião, um daqueles filmes que dão orgulho de dizermos que temos Cinema Nacional. É um drama belíssimo, muito bem escrito , com uma fotografia de muito bom gosto. Já o assisti várias vezes. A primeira, logo na época do lançamento, em 2005, prestigiando a competente Carolina Kotscho -- que eu conheci super novinha. Ela, filha do jornalista Ricardo Kotscho; ele, um colega de profissão, ex-professor e amigo, por quem tenho grande admiração.
A história é baseada na vida dos músicos Zezé Di Camargo e Luciano, uma das duplas sertanejas de maior sucesso no Brasil e também no exterior.
A última vez que eu havia assistido esse filme, estava no hospital com o Lucca. Passou numa segunda à noite, na Tela Quente da TV Globo, algumas semanas antes de ele virar anjinho. Quando viu as chamadas durante a programação daquele dia, ele logo disse que queria assistir. E foi o que aconteceu. Lembro que ele ficou muito comovido com a parte em que trata da morte do irmão de Zezé Di Camargo, ainda pequeno: "Mamãe, porque Deus deixa crianças morrerem?".
Quando acabou o filme, ele desceu da cama, carregando o Pedrão (lembram dele? o suporte onde ficavam os soros com remédios), veio sentar do meu lado no sofá-cama onde eu dormia. E pediu que eu baixasse a música-tema prá ele. E ficamos alí, até quase 1h da manhã, ouvindo e cantando juntos.
Dias depois que ele ganhou suas asas de anjo, estava mexendo nuns arquivos e voltei a ouvir aquela música. E foi inevitável cair no pranto. Porque prestei atenção da letra de uma forma que eu não havia feito antes..... Na minha cabeça e no meu coração, ficou marcado que aquele gesto do Lucca, insistindo tanto pra eu ligar o computador tarde da noite só pra encontrar essa música, significava mais do que um capricho de criança. Prá mim ficou como um recado que ele quis me mandar, um momento que ele quis eternizar. E eternizou!
"...Eu sei que ela nunca compreendeu
Os meus motivos de sair de lá
Mas ela sabe que depois que cresce
O filho vira passarinho e quer voar
Eu bem queria continuar alí
Mas o destino quis me contrariar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar..."
Os meus motivos de sair de lá
Mas ela sabe que depois que cresce
O filho vira passarinho e quer voar
Eu bem queria continuar alí
Mas o destino quis me contrariar
E o olhar de minha mãe na porta
Eu deixei chorando a me abençoar..."
3 comentários:
Lu querida
Você sabe que eu entro no blog várias vezes. Ele é o seu alto-falante com o mundo. Ontem eu apssei o dia pensando em você de uma maneira especial. Sabia que você viria nos brindar com seu ttexto impecável, recheado de amor e emoção. Pode ter certeza absoluta que o Cucca está com você mais do que nunca...
love you
Karla
Luciana, vejo que já esta encntrando o camino, isso acredite que o Lucca não é só passarinho, mas é um anjo. Ele lá de cima continua a te enviar energia, ele quer a mãe dele ajudando o mundo, isso conte sua história, faça um livro, mas não deixe de lutar.
Apesar de nunca ter falado com vc na época que você trabalhava na Bristol, a vejo como uma batalhadora e lembre-se que tudo podemos quando cremos naquele que nos fortalece.
Bjos no coração
Deus lhe abençôe e lhe Dê forças, querida.
Postar um comentário