Hoje faz 10 dias que Lucca deixou a ala de Pediatria do Einstein para ser transferido para a unidade de terapia intensiva -- primeiro na Semi-UTI e, desde ontem, na UTI propriamente dita. Esse período todo vem sendo marcado por grande tensão e por várias intercorrências. Um monte! Umas mais simples mas a grande maioria bastante complicadas.
Peço mais uma vez desculpas por demorar tanto a atualizar o blog mas tudo se deve a esse sem número de situações difíceis que me levaram a direcionar 200% do meu foco para o Lucca. Integralmente. Invariavelmente. Intensamente.
Excesso de amônia causa confusão mental no Lucca
O quadro dele passou mesmo a se agravar na terça passada, 4/8. Lucca havia vomitado bastante durante a madrugada anterior e só melhorou um pouco depois de uma dose de Dramin por volta das 2h. Na manhã seguinte, acordou super irritado. Nitidamente irritado. Bravo mesmo. Irredutível, repetia que queria ir embora do hospital ou, pelo menos, da ala de UTI. Não aceitava sequer ouvir algo em contrário. Fechou questão. A ponto de segurar seu catéter e dizer: "Agora chega. Acabou, mamãe. Ninguém mais mexe no meu catéter. Não vou tomar mais nenhum remédio até eu sair da UTI". Num primeiro momento, eu achei que a irritação tinha a ver com o Dramin -- porque isso costuma acontecer com Lucca... Lá no final do dia, pude ver que não era isso.....
No decorrer da tarde, ele começou a apresentar sinais claros de delírio e alucinação. Fiquei tensa mesmo quando ele acordou de repente, por volta de 19h, olhou pra mim e disse que estava vendo o irmão Marcco. Mas o Marcco não estava no quarto..... A verdade é que Lucca estava realmente com uma grande confusão mensal. E se dava conta disso -- o que o fez sofrer muito de angústia.
A explicação pra aquilo era uma concentração elevada de amônia no organismo dele. Amônia??? Sim, aquele podia vir a ser um sinal, o primeiro, de que a função do fígado do Lucca não estaria mais tão preservada..... E isso seria terrível. Dr Nelson e o intensivista de plantão me chamaram. Era uma espécie de conversa de alerta. Do tipo "o gato subiu no telhado".
O meu coração estava em frangalhos, em farelos -- pra dizer o mínimo. Mas minha posição sempre foi taxativa: não vou entregar os pontos nunca. Vou até o fim. E o fim é o recomeço. É o dia em que eu poderei sair com Lucca do Einstein, andando, de mãos dadas, voltando inteiros e regenerados pra nossa casa.
Imagino ser desnecessário descrever como foi aquela noite.....
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