quarta-feira, 6 de maio de 2009

Salve salve a indústria farmacêutica de pesquisa... E o comprometimento de todas as partes envolvidas num tratamento também - parte 1

Medicina avançou muito mas o sucesso de qualquer tratamento depende muito da conscientização e do engajamento de todas as partes envolvidas -- pesquisadores, médicos, enfermeiros, Governo e também dos pacientes


Sou bem suspeita para falar sobre isso, porque trabalhei em indústrias farmacêuticas nos últimos anos e pude conhecer a fundo a importância das pesquisas e desenvolvimento de medicamentos. A verdade é que esse é um setor que avançou muito, felizmente!

Se voltarmos cerca duas décadas no tempo, nos deparamos com o astro Cazuza, ídolo da juventude nos anos 80, 'morrendo de Aids'. Quem se lembra daquele seu semblante muito-muito debilitado estampado na capa da Revista Veja, que chocou, mobilizou e mortificou todo o país? Contudo, graças aos estudos e investimentos de multinacionais como Bristol-Myers Squibb, Abbott, Merck SharpDhome, Roche, Gilead, entre outras, os infectologistas contam hoje com alternativas ultra modernas e eficazes para tratar pacientes acometidos pelo vírus HIV como se estivessem diante de uma doença crônica, a exemplo de uma cardiopatia.

Outro caso bastante enblemático e bem atual é o da ministra Dilma Rousseff? Ela declarou abertamento dias atrás sobre o linfoma que lhe foi diagnosticado

O mesmo vemos em outras áreas terapêuticas, como a Endocrinologia, Oncologia, Reumatologia, Hepatologia etc., para citar apenas algumas delas. Avançou-se muito no tratamento de doenças como o diabetes , leucemias, as relacionadas ao sistema imunológico (Lupus, Artrite Reumatóide etc.), hepatites virais. E de muitas outras que agora não me vêm á cabeça.

Muito se evoluiu, por exemplo, em relação aos medicamentos quimioterápicos, aos imunossupressores e às chamadas target therapies (terapias-alvo) -- diferente do que acontecia no passado, quando remédios eram muito mais abrangentes e, portanto, causavam muito mais efeitos colaterais, há hoje diversas alternativas medicamentosas, que agem de forma programada, atuando especificamente em células determinantes para o controle de determinadas doenças, preservando as demais, garantindo uma qualidade de vida bem maior para os pacientes.

Hoje se tem medicamentos para muitas doenças.... Infelizmente ainda não para todas. Talvez isso é que mais tenha me afetado em agosto do ano passado. Como meu filho poderia sofrer de adrenoleucodistrofia, justo uma doença que não tem remédio que a trate ou a cure?...

Mas tinha a alternativa do transplante de medula óssea.... e, nesse meio tempo todo, só fiz alargar minha admiração pelos cientistas, pesquisadores e pelos laboratórios que investem milhões para desenvolver medicamentos. Muitos são de altíssimo custo -- reflexo dos altos investimentos e da alta carga tributária que incide sobre o preço dos medicamentos.

Já vimos milhares de reportagens e outras discussões questionando o preço dos medicamentos, o papel das indústrias farmacêuticas... critica-se sempre pelo quanto elas gastam em marketing, pela forma como lidam com médicos e mais um monte de polêmicas afins. Há também a abordagem do quão importante é que a população tenha amplo acesso à saúde, como prevê a Constituição Brasileira, num processo em que o Governo tem um papel fundamental.

Mas esse post não tem a pretensão nem a intenção de polemizar mais.
Ontem, contudo, conversando com a Dra Camila França, oncopediatra residente que integrou a equipe do Dr Nelson nesses últimos 30 dias, falamos sobre uma situação que realmente merece atenção. No final das contas, nem é por mal, mas muita gente não se apercebe de fatores significativos. A medicina avançou sim, briga-se muito para o Governo disponibilizar medicamentos gratuitamente pelo SUS. Mas tudo isso pressupõe custos, independente de quem os pague...
  • A quimioterapia é sim muito menos agressiva hoje em dia mas o preço de uma sessão é alto. E ela não pode ser disperdiçada. Mas infelizmente isso acontece....
  • Contamos, por exemplo, com o Sandimun Neoral (que é a ciclosporina, medicamento que revolucionou os transplantes à medida que melhorou muito o controle sobre a rejeição de órgãos transplantados), e que é inclusive distribuido gratuitamente pelo Ministerio da Saude por meio do Programa de Alto Custo. Mas um mês de tratamento com esse remédio custa em torno de R$ 5 mil.... Um comprimido que seja não pode ser perdido pelo paciente. E, infelizmente isso acontece....
  • Mesmo o Granulokine. Se pegarmos o caso do Lucca, que ontem estava com 1400 leucos e depois de tomar uma dose do remédio, subiu para 4100 leucos hoje! Sim, o medicamento faz efeito. Mas tem custo, e alto... Como menoprezar isso? Infelizmente, de novo, isso acontece.

Há outros tantos exemplos que eu poderia trazer aqui. Eu salientei dois ou três mais relacionados a TMO. Até me programei para pesquisar esse assunto mais a fundo pra dividir aqui. Por exemplo, pra saber ao certo quanto custa todo o processo de transplante de medula. Para se ter uma idéia, todo o tratamento que o Lucca está fazendo aqui no Einstein, incluindo as internações, medicamentos que recebe diariamente, exames, quimios, honorários médicos etc., tem um custo que varia entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão.

Isso ajuda a repensar um monte de coisas e valorizar tantas outras...

Valorizar o trabalho dos médicos que só são especialistas e papas nos assuntos em que trabalham porque se dedicaram muito a eles, estudaram muito e ainda estudam.

Valorizar os tratamentos que são efetivos e eficazes graças a muito investimento financeiro e humano também.

Valorizar a vida e as oportunidades que cruzam nossos caminhos!

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