segunda-feira, 6 de abril de 2009

Entendendo o Diabetes da amiguinha do Lucca - parte 1

Conheça um pouquinho sobre o Diabetes Tipo 1 (DM1) que foi diagnosticado numa amiguinha do Lucca. Também chamado de Diabetes Insulino-Dependente ou Diabetes Juvenil, ela normalmente se inicia na infância ou na adolescência. Uma em cada 20 pessoas diabéticas tem DM1, doença que se apresenta mais freqüentemente entre jovens e crianças.

Trata-se de uma doença auto-imune caracterizada pela destruição das células-beta do pâncreas, produtoras de insulina. Isso acontece por engano, porque o organismo as identifica como corpos estranhos -- a tal reação auto-imune. Quando isso acontece, é preciso tomar insulina para viver e se manter saudável. As pessoas precisam de reposições diárias de insulina para regularizar o metabolismo do açúcar. Pois, sem insulina, a glicose não consegue chegar até às células, que precisam dela para queimar e transformá-la em energia. As altas taxas de glicose acumulada no sangue, com o passar do tempo, podem afetar os olhos, rins, nervos ou coração.

Pessoas com níveis altos ou mal controlados de glicose no sangue podem apresentar vontade de urinar diversas vezes, fome e sede constantes, perda de peso, fraqueza, fadiga, nervosismo, mudanças de humor, náuseas e vômitos.


Para controlar este tipo de diabetes é necessário o equilíbrio de três fatores: a insulina, o exercício e a alimentação. Nesse último quesito, é preciso lembrar que estamos falando de um tipo de diabetes que atinge essencialmente jovens, e que jovens estão muitas vezes em crescimento e têm vidas bastante ativas. Assim, o plano alimentar deve ser elaborado considerando essa realidade. Para o dia-a-dia, é desaconselhável a ingestão de carboidratos de ação rápida (sumos, bolos, cremes) e incentivado os de ação lenta (pão, bolachas, arroz, massa...) de modo a evitar picos de glicemia.

Muitas vezes se ouve que o diabético não pode praticar exercício. Esta afirmação é completamente falsa! O exercício contribui para um melhor controle da diabetes, pois contribui no processo de queima do excesso de açúcar, gorduras, melhorando a qualidade de vida. Por vezes, torna-se necessário dobrar um pouco as regras: para praticar exercícios que requerem muita energia, é preciso consumir muita energia também, ou seja, consumir carboidratos lentos e rápidos.

A DM1 é bastante diferente da Diabetes Tipo 2, que tem mecanismo fisiopatológico complexo e não completamente elucidado. Parece haver uma diminuição na resposta dos receptores de glicose presentes no tecido periférico à insulina, levando ao fenômeno de resistência à insulina. Nesse tipo de diabetes, as células-beta do pâncreas aumentam a produção de insulina e, ao longo dos anos, a resistência à insulina acaba por levar as células beta à exaustão.

Não se sabe ao certo por que as pessoas desenvolvem o DM1. Sabe-se que há casos em que algumas pessoas nascem com genes que as predispõem à doença. Mas outras têm os mesmos genes e não têm diabetes. Pode ser algo próprio do organismo, ou uma causa externa, como por exemplo, uma perda emocional. Ou também alguma agressão por determinados tipos de vírus como o cocsaquie.


Sobre a Insulina
A insulina é um hormônio essencial à vida, produzido pelo pâncreas. Por ser uma proteína, ela não pode ser ingerida por via oral, pois, nesse caso, seria digerida pelas enzimas do aparelho digestivo. Para o controle adequado da insulina no organismo de pacientes com DM1, são necessárias tanto uma insulina de ação lenta (controla a glicemia de jejum e entre as refeições) quanto uma insulina de ação rápida (controla a glicemia após a refeição). Essa é uma área da medicina que evoluiu muito nos últimos anos em relação a alternativas de tratamento.


Tratamento
Todo dia picadas para injetar insulina. Esse era o dia-a-dia de uma pessoa com diabetes, até bem pouco tempo... E ainda é realidade para muitos doentes. No entanto, avanços, frutos de anos de pesquisas científicas, já começam a mudar a vida dos pacientes, reduzindo o desconforto e melhorando a eficácia do tratamento.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a área da diabetologia passou nos últimos 10 anos por uma "reforma" em seus medicamentos e insulinas. "Nunca, em tão pouco tempo, passamos a dispor de insulinas e seus análogos com efetividade e tempos de ação muito mais próximos da secreção fisiológica da insulina pelo pâncreas não-diabético. Isto nos deu muito mais flexibilidade do tratamento do diabetes tipo 1, facilitando trazer a Hemoglobina Glicada para mais próximo da normalidade", diz a SBD.

Já se fala em insulina inalável, uma insulina com ação rápida, que poderia ser empregada antes das refeições, por meio de um aparelho parecido com um inalador. O que se espera com essa nova forma de apresentação, é que alguns pacientes com diabetes tipo 1 consigam reduzir o número de injeções de insulina por dia.

Ainda em estudo também, a insulina poderá em breve vir em forma de comprimido que substituiriam as várias injeções de insulina por dia. A substância via oral era impossível em função da ação dos ácidos estomacais que a destruíam antes de ser absorvida. No entanto, esse problema está sendo resolvido: um laboratório farmacêutico de pesquisa criou uma capa especial para a cápsula, que protege a insulina dos ácidos, permitindo que passe para o intestino delgado onde será absorvida.


Pode-se falar em Cura do Diabetes?

Uma recente aposta da Medicina para combater o Diabetes é transplantar minúsculas estruturas do pâncreas chamadas ilhotas de Langerhans. Elas têm o diâmetro de um fio de cabelo, mas estão no centro das atenções na luta contra o diabete do tipo 1, antes conhecido por diabete infanto-juvenil ou insulino-dependente. Os estudos nessa área começaram em 1999, quando cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, curaram oito pacientes transplantando essas células do pâncreas.

Há pelo menos mais outros dez centros pesquisando essa alternativa. No Brasil o trabalho é desevolvido nos laboratórios da Universidade de São Paulo, sob a liderança de cinco especialistas. As primeiras experiências ocorreram em 2002 com nove voluntários. "A técnica é estudada há 30 anos. Mas só depois de Alberta, porém, tornou-se uma esperança para a cura da doença", analisa o coordenador do estudo, Freddy Goldberg Eliaschewitz, endocrinologista de São Paulo.

O método é recomendado para diabéticos em estado grave. Apesar das perspectivas serem animadoras, o transplante das ilhotas é indicado, por enquanto, apenas para um grupo restrito de pacientes. Isso porque, após a operação, é preciso recorrer a remédios que evitam a rejeição das novas células e essas substâncias diminuem a resistência do organismo: "Só vale a pena trocar as doses diárias de insulina pelas drogas quando há risco de vida para o doente", explica Eliaschewitz. Além disso, o fato das ilhotas não estarem tendo uma duração razoável de permanência no organismo, a indicação ainda não é para qualquer caso, dirigindo-se muito mais para o transplante de Pâncreas, órgão inteiro.

As células-tronco também podem vir a ser uma saída. Algumas células do organismo têm potencial para se transformar em qualquer outra célula, como a das ilhotas pancreáticas que produzem insulina. Esse conceito pode se tornar uma solução para a oferta de novas células para o controle da diabetes.



Fontes:
- Sociedade Brasileira de Diabetes
- Ministério da Saúde



Sugestão de livros:
- Entendendo a Diabetes – Para educação do Paciente. Norwood, Janet W. & Inlander, Charles B. Julio Louzada Publicações. São Paulo, 2000.
- Diabetes de A a Z: o que você precisa saber sobre diabetes explicado de maneira simples. American Diabetes Association. JSN editora. São Paulo, 1998

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