terça-feira, 10 de março de 2009

SOLIDARIEDADE

POUCAS PESSOAS NO BRASIL SABEM MAS É POSSIVEL DOAR CORDÕES UMBILICAIS DE RECÉM-NASCIDOS GRATUITAMENTE

ESMAGADORA MAIORIA DOS CERCA DE 2,8 MILHÕES DE CORDÕES UMBILICAIS DE BEBÊS NASCIDOS A CADA ANO SÃO JOGADOS FORA

AMOSTRAS SÃO SIMPLESMENTE DESCARTADAS ENQUANTO PODERIAM SALVAR A VIDA DE MAIS DE 1000 PESSOAS QUE AGUARDAM HOJE POR UM TRANSPLANTE DE MEDULA E ENFRENTAM GRANDE A DIFICULDADE DE ENCONTRAR UM DOADOR 100% COMPATÍVEL


O Brasil tem atualmente mais de 1000 pacientes que sofrem de diferentes doenças genéticas e cânceres do sangue e que dependem do transplante de medula óssea para sobreviverem. Eles estão listados no Registro Nacional de Receptores de Medula (REDOME) e aguardam até que apareça um doador 100% compatível, isto é, com características genéticas idênticas às suas, para que o procedimento seja possível. Devido às dificuldades de se encontrar a necessária compatibilidade de medula óssea, a comunidade científica vem trabalhando arduamente na busca de fontes alternativas de células progenitoras.

Pesquisas demonstraram que o sangue que permanece no cordão umbilical e na placenta após o parto é uma fonte rica de células progenitoras. A partir dessa descoberta, células progenitoras obtidas do sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) vêm sendo utilizadas em modelos terapêuticos onde é indicado o transplante de medula óssea. Contudo, o número de células-tronco que vêm do SCUP é geralmente suficiente apenas para transplantar crianças e adultos de tamanho pequeno ou médio (até 50 kg).

Outro dado significativo está relacionado com o resultado de uma pesquisa realizada recentemente pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), que mostrou que as chances de um paciente brasileiro localizar um doador em no seu próprio país tende a ser trinta vezes maior que a chance de encontrar o mesmo doador no exterior. Isso ocorre devido às características genéticas comuns à população brasileira.

O primeiro Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP) brasileiro foi inaugurado em 2001 no Inca, com o objetivo de aumentar as chances de localização de doadores, para os pacientes que necessitam de transplante de de células progenitoras hematopoéticas. Em 2004, o Ministério da Saúde ampliou o programa criando a Rede BrasilCord, com bancos públicos de sangue de cordão umbilical. Segundo a assessoria de comunicação do órgão, desde então, foram realizados 53 transplantes com unidades de cordão nacionais. Isso corresponde a 12% dos procedimentos realizados nos últimos quatro anos.

A Rede BrasilCord traz, além da agilidade para os pacientes na realização dos transplantes, economia para o Ministério da Saúde. Utilizar unidade de cordão de registros estrangeiros custa cerca de R$ 50 mil, enquanto manter uma bolsa em um banco público nacional, R$ 3 mil. No final do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou um investimento de R$ 31,5 milhões vindo do BNDES para ampliar ainda mais essa rede de bancos de cordões umbilicais no Brasil. O objetivo é aumentar de 5 mil para 50 mil a quantidade de cordões armazenados, em 12 bancos de coleta – oito serão construídos (no Pará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal) e os outros 4 que já existem serão incrementados (um no INCA no Rio de Janeiro, um no Hospital Albert Einstein em São Paulo e nos hemocentros de Campinas e Ribeirão Preto, interior paulista).


CONHECIMENTO SOBRE DOAÇÃO DE CORDÕES
AINDA É POUCO DIFUNDIDO NO BRASIL
Muito já se falou sobre congelamento de amostras para uso com a própria criança, num procedimento que exige armazenamento em bancos privados e com um custo de manutenção bastante significativo. Contudo, estudos mostram que a grande maioria da população não tem conhecimento claro sobre a possibilidade de se doar os cordões umbilicais de recém-nascidos para esses bancos públicos que integram o programa BrasilCord. E que esse é um procedimento totalmente gratuito.

Segundo dados do IBGE, somente em 2007, foram registrados cerca de 2,8 milhões de nascimentos em todo o Brasil, mas o BrasilCord conta apenas com aproximadamente 5 mil cordões armazenados. "Isso nos leva a concluir que uma quantidade de cordões é simplesmente descartada, jogada fora todos os anos – o que ocorre por total desconhecimento e falta de esclarecimento”, diz Luciana Leite, 37, jornalista e mãe do pequeno Lucca, de 8 anos.

Lucca foi diagnosticado em agosto do ano passado com Adrenoleucodistrofia, uma doença genética bastante grave, que leva à morte de 6 meses a dois anos devido a um processo crônico de comprometimento das células nervosas. Felizmente, o diagnóstico veio num momento muito precoce, antes mesmo que ele começasse a desenvolver os sintomas ou processos degenerativos característicos da doença. Por conta disso, o transplante de medula (ou TCPH) é uma alternativa para interromper seu progresso.

Há cerca de 7 meses, Luciana deu início a uma busca desenfreada para encontrar um doador de medula que fosse suficientemente compatível – algo que é técnica e cientificamente muito difícil – a chance é de 1 em cada 100 mil. Felizmente, contudo, a equipe médica que acompanha o caso de Lucca localizou nos Estados Unidos células de cordão umbilical que permitiram que ele pudesse se internar para se submeter ao transplante. Esse procedimento deve acontecer no início da próxima emana.


Fontes consultadas:
Dr Nelson Hamershlak, especialista em Hematologia/Hemoterapia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Israelita Albert Einstein
Dr Carmino de Souza, professor-doutor especialista em Hematologia/Hemoterapia da Unicamp
Dra Carmem Bonfim, coordenadora do Programa de Transplante Pediátrico do Serviço deTransplante de Medula Óssea e do Programa de Transplante em Doenças Genéticas do Hospital de Clínicas da UFPR
Dr Fernando Kok, professor-doutor especialista em Neurogenética do Hospital das Clínicas de São Paulo
Abrale – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (www.abrale.org.br)
AMEO – Associação de Medula Óssea
INCA – Instituto Nacional do Câncer Ministério da Saúde – http://www.saude.gov.br/

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