O primeiro passo é encontrar um doador compatível e, então, obter as células progenitoras do sangue periférico em número apropriado para o transplante. Para coletá-las da medula de um doador, utiliza-se um equipamento chamado máquina de leucaférese. Num processo semelhante ao da filtragem do sangue, as células progenitoras são separadas de acordo com o seu peso, e armazenadas em um compartimento especial.
Uma vez coletadas no sangue do doador, as células progenitoras são infundidas na corrente sangüínea do paciente e se implantam na medula óssea, iniciando a reconstituição hematopoética após regime de condicionamento. O condicionamento consiste no uso de altas doses de quimioterapia para que seja reduzida significativa e drasticamente e produção normal de sangue. Só então são infundidas as células progenitoras que, uma vez na corrente sangüínea, circulam, alojam-se na medula óssea e voltam a se proliferar agora dentro do organismo do paciente.
Em geral, a evolução durante o transplante depende de vários fatores, em especial do estágio da doença (quanto mais precoce o diagnóstico, tanto melhor), e do estado geral do paciente (no que se refere a boas condições nutricionais e clínicas).
Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e/ou a hemorragias. Por esta razão, ele deve ser mantido preferencialmente internado e em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, higiene, ar e água são indispensáveis. Mesmo assim, apesar dos cuidados, as infecções são quase sempre presentes no paciente transplantado.
Nos transplantes alogênicos, com a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova "memória" e, por serem células da defesa do organismo, podem reconhecer órgãos e tecidos do indivíduo como estranhos. Esta complicação, chamada de Doença do Enxerto contra Hospedeiro (DECH), é relativamente comum, de intensidade variável e, na maioria dos casos, pode ser controlada com medicamentos adequados. Estudos clínicos mostraram que crianças com menos de 10 anos têm 13% de DECH crônica, comparadas com 46% naqueles com mais de 20 anos. A incidência de DECH crônica diminui com regimes mais intensos de imunoprofilaxia e com a remoção dos linfócitos do enxerto. Por outro lado, aumenta com a utilização de infusões de leucócitos ou na presença de infecções virais.
Fontes consultadas:
Dr Nelson Hamershlak, especialista em Hematologia/Hemoterapia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Israelita Albert Einstein
Dr Carmino de Souza, professor-doutor especialista em Hematologia/Hemoterapia da Unicamp
Dra Carmem Bonfim, coordenadora do Programa de Transplante Pediátrico do Serviço deTransplante de Medula Óssea e do Programa de Transplante em DoençasGenéticas do Hospital de Clínicas da UFPR
Dr Fernando Kok, professor-doutor especialista em Neurogenética do Hospital das Clínicas de São Paulo
Abrale – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (www.abrale.org.br)
AMEO – Associação de Medula Óssea
INCA – Instituto Nacional do Câncer
Ministério da Saúde – www.saude.gov.br
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