Um estudo clínico realizado pelo Instituto do Coração de Montreal em parceria com a Innovaderm Research, apresentado durante a reunião anual da Academia Americana de Dermatologia, revelou que um novo tratamento dermatológico para a psoríase está associado com uma diminuição significativa da inflamação perivascular nos pacientes portadores da doença.
“A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele e das articulações. Para tratá-la de maneira apropriada é preciso compreender os mecanismos genéticos e moleculares que estão na base da doença, proporcionando tratamentos mais individualizados e eficazes. Como não podemos preveni-la, temos que atuar no tratamento, visando aliviar os incômodos sintomas, que incluem coceira intensa, sangramento na pele, dor nas articulações, lesões em placas eritematosas - vermelhas - com muitas escamas e crostas sobre elas, que muitos confundem com alergias”, informa a dermatologista Cristine Carvalho, diretora do CDE – Centro de Dermatologia e Estética.
Devido aos seus sintomas, a psoríase pode atingir duramente a qualidade de vida de seus portadores, pois pode provocar constrangimento social, problemas para conseguir ou se manter no emprego, redução da renda familiar, discriminação social e uma expectativa de vida menor. “Embora a doença não seja contagiosa e não esteja relacionada com a higiene do indivíduo, as pessoas podem evitar o contato com indivíduos afetados num momento de crise, quando as lesões ou as consequências da doença são mais óbvias. O estigma da psoríase é pouco difundido, mas as pessoas que sofrem com esta condição podem falar sobre seus desafios para fazer o manejo da doença”, diz Cristine Carvalho.
Resultados do novo estudo
Pacientes com psoríase moderada a grave podem também apresentar um risco maior para outras doenças que envolvem inflamações crônicas, incluindo diabetes, doença de Crohn e doenças cardíacas, em particular, um aumento do risco de ataque cardíaco. “A depressão também é comum entre as pessoas com psoríase, embora não seja possível estabelecer se ela é uma causa ou um efeito da doença”, observa a diretora do CDE.
O estudo realizado em Montreal revelou resultados positivos - como a diminuição significativa da inflamação perivascular- em pacientes que sofrem de psoríase que foram tratados com adalimumabe, um composto antiinflamatório biológico. A pesquisa apontou uma diminuição de 51% nos níveis de proteína C-reativa entre os pacientes tratados com adalimumab em comparação com uma diminuição de 2% entre os pacientes do grupo controle do estudo. Estes resultados são significativos, pois um nível elevado de proteína C-reativa está associado a um aumento do risco de ataques cardíacos e de acidentes vasculares cerebrais.
Em relação ao tratamento da psoríase, 70% dos pacientes que receberam o composto antiinflamatório biológico apresentaram uma maior queda na gravidade das lesões da pele, em comparação com 20% dos pacientes no grupo controle.
“Estes resultados são extremamente encorajadores para pessoas que sofrem de psoríase, uma vez que estes pacientes enfrentam um maior risco de doença cardiovascular. Ainda assim, precisamos destacar a importância do acompanhamento médico regular dos pacientes com psoríase pelo dermatologista e/ou pelo reumatologista, e em alguns casos pelo psiquiatra, visando prevenir eventos cardiovasculares e estabelecer uma melhor abordagem terapêutica”, defende Cristine Carvalho, que também é chefe do Departamento de Fototerapia do Curso de Pós-Graduação em Dermatologia da Fundação Pele Saudável, Instituto BWS.
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