terça-feira, 27 de setembro de 2011

Alterações imunológicas são as principais causas do aborto de repetição

O aborto de repetição é um problema que aflige até 5% das mulheres em idade fértil. Caracteriza-se pela perda natural e recorrente do feto antes da 20a semana de gestação. Um estudo realizado em 2006 por especialistas do Ambulatório de Perdas Gestacionais do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) da Unicamp, mostrou que as alterações de ordem imunológica são as principais causas desse tipo de distúrbio.
Dentre elas, o estudo destaca o fator ALOIMUNE, que aparece em 85% dos casos, e pode ser explicado pela dificuldade do organismo feminino em se adaptar à gravidez. Ou seja, o sistema imunológico da mulher produz uma resposta “agressora” e não “protetora” em relação ao embrião. “Simplificando, o embrião é visto como um intruso que precisa ser combatido”, compara o ginecologista e obstetra do Caism, Dr Ricardo Barini.

A segunda causa dos abortos de repetição, segundo o levantamento, é o fator AUTOIMUNE, presente em cerca de 30% dos casos. Este, como o próprio termo indica, também está relacionado com problemas de ordem imunológica e se traduz por reações de auto-agressão imunológica, em que o organismo pode atacar suas próprias células. Ou seja, a gestante gera substâncias contra partes específicas do seu organismo, mas, ao invés de promoverem auto-agressão, podem ser eventualmente nocivas ao feto. Um exemplo é a alteração da coagulação sangüínea, provocada pelos anticorpos antifosfolípides. Esses anticorpos podem gerar freqüentemente uma trombose (uma obstrução circulatória) que dificulta a irrigação da placenta, provocando a morte do embrião. Mas os abortos de repetição ele também podem decorrer de alterações genéticas, infecciosas, e até ambientais. Em 20% dos casos de aborto de repetição, contudo, não é possível determinar uma causa específica, o que, segundo os especialistas, abre um campo vasto para novas pesquisas.

Há ainda as perdas espontâneas que derivam de distúrbios hormonais, e que incidem em cerca de 25% dos casos. “Muitas mulheres que engravidam não conseguem produzir progesterona em quantidade adequada, o que pode dificultar a sustentação do feto”, afirma Barini.

Já existem opções de tratamento e prevenção para os abortos de repetição, de últim,a geração e, por isso, com custos não tão baixos. Infelizmente, poucas são as mulheres que conseguem ter acesso a eles porque a maioria não é disponibilizada gratuitamente pelo SUS.


OUTRAS CAUSAS DO ABORTO DE REPETIÇÃO
Importante salientar que há diferença entre os abortos espontâneos e os de repetição -- cujas causas podem variar bastante. "Durante a vida fértil, até dois abortos são considerados normais", explica a ginecologista Emanuelli Alvarenga Silva, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André. "Já o aborto espontâneo é aquele que acontece com mais frequência e que requer averiguação das possíveis causas e início imediato de tratamento, feito durante a própria gestação”, acrescenta.

Causas Genéticas – A anormalidade mais freqüente é a translocação balanceada observada no cariótipo de um dos parceiros. Outras anormalidades cromossômicas que podem ser encontradas são: mosaicismo sexual, inversão cromossômica e cromossomos em anel. Essas aberrações cromossômicas irão gerar embriões com cromossomopatias, evoluindo para aborto.
Causas endócrinas – Dentre elas a mais relatada é a Insuficiência de Corpo Lúteo, caracterizada por uma produção diminuída de progesterona na segunda fase do ciclo, período de implantação, onde tal hormônio tem participação fundamental. A suplementação de progesterona na segunda fase do ciclo é bastante discutida. Diabetes mellitus se mostra envolvido na etiologia do aborto de repetição desde que esteja descontrolado. Patologias da tireóide (hiper e hipotireoidismo) quando bem controladas não se relacionam com aborto de repetição, porém é sabido que anticorpos antitireoidianos estão intimamente relacionados com o problema, embora o mecanismo não seja conhecido.

Causas anatômicas – As mais descritas são: malformações uterinas (mullerianas ou exposição DES), pólipos uterinos, sinéquias, miomatose uterina, incompetência istmo cervical. Algumas alterações anatômicas são mais relacionadas com perdas gestacionais tardias (durante o segundo trimestre) ou trabalho de parto prematuro, como por exemplo: incompetência istmo-cervical, miomatose uterina.

Causas infecciosas – Atualmente é bastante questionável a relação entre infecções genitais por clamídia, micoplasma e ureaplasma e a elevada incidência de aborto de repetição.

Causas hematológicas – Nos últimos anos, tem-se descrito uma relação entre distúrbios da coagulação, tendência a tromboembolismos (trombofilias), com maus resultados gestacionais, entre eles abortos de repetição e infertilidade. Entre as trombofilias descritas como tendo relação com abortos de repetição podemos destacar trombofilias hereditárias e adquiridas.

Causas imunológicas – Podem ser divididas em causas autoimunes, aloimunes e síndrome antifosfolípide.

Causas ambientais – É descrita uma maior incidência de abortos espontâneos em pessoas com hábito de ingestão excessiva de café, álcool e tabagismo. É sabido o efeito abortivo da radiação, embora não haja determinação de dose especifica. Gases anestésicos também parecem elevar o risco de aborto. Exercício físico parece não estar relacionado como causa de aborto precoce. Microondas, ultra-som e terminais de vídeo parecem não elevar a taxa de aborto.

Causas desconhecidas – Em 20% dos casos de aborto de repetição não é possível determinar uma causa específica, o que abre um campo vasto para novas pesquisas.


Fonte consultada: Unicamp

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