sábado, 9 de maio de 2009

Lucca registra febre de 38,7oC e volta a ser internado no Einstein

Por volta de 7h00 da noite, Lucca acordou para os remédios de horário e, na checagem de sua temperatura corpórea, o termômetro registrou 38,7oC -- o que é considerada uma febre relativamente alta, em especial considerando o estado de imunodepressão em que ele se encontra (com leucócitos e demais componentes sanguíneos ainda abaixo dos 100% ideais).

Por mais que ele tivesse passado super bem até então, que estivesse com uma aparência boa e estável, e que tivesse me repetido duas ou três vezes que não era nada grave, que já já a febre iria abaixar, eu sabia que não havia outra alternativa senão ligar para a Dra Juliana Folloni, re-arrumar nossas malas, e voltar pro hospital (menos de seis horas depois de termos saído do ambulatório em que estivemos de manhã para a checagem rotineira de exames...).

Pior ainda era a sensação de voltar à ala da Pediatria um dia e meio após nossa última alta. Afinal, os resultados dos exames da manhã estavam todos bons. Apenas o total de plaquetas, que somavam 26.000/mm3, levou a equipe médica a optar por uma transfusão. Porque o ambulatório não funciona aos domingos e não seria possível garantir que suas plaquetas permaceriam até segunda próxima acima do limite mínimo de 20.000/mm3 -- valor necessário para que Lucca não fique sujeito a plaquetopenia, hemorragias e outras complicações de correntes.

Mas isso não nos preocupou em nada: estava dentro do 'script'. E também não demorou muito. As três ou quatro horas que ficamos por lá passaram rápido. Até porque ficamos ali conversando e incrementando ainda mais nossos planos de fazer um belo churrasco no prédio pra comemorar o Dia das Mães, neste domingo, de uma forma diferente e gostosinha (o Lucca é maluco por picanha grelhada e ficou esse tempo todo, quase um ano, sem poder comer seu prato predileto por conta da dieta hiporgordurosa que ficou obrigado a seguir para não agravar ainda mais sua então adrenoleucodistrofia).

O diagnóstico e a confirmação da re-internação -- a terceira!... -- era como um banho de água fria. Era aquele famoso passo prá trás, de novo.... Vinha reacender angústias, medos, dúvidas -- o que seria dessa vez a causa da febre? Infecção? ok! Mas qual, onde, por quê?..... Vinha como mais um golpe baixo do destino que acaba ganhando essa conotação justamente de tão emocionalmente fragilizada que estou....

Ouço dos médicos desde o início que esse vai-e-volta do hospital prá casa e de casa pro hospital é normal, é esperado, é algo descrito em protocolos clínicos estudados antes. E nunca duvidei disso. Não duvido ainda. Confio plenamente nessa equipe!

Não sei se sou eu que sou fracota demais, mas a verdade é que, por mais que eu não queira, isso me abala. Me machuca. Me faz me sentir pequeninha, menor que o Lucca, que Marccão, que a Lella.... Brigo contra isso mas invariavelmente ressurge aquela sensação de impotência, de cansaço, e de um esgotamento mental e também físico com que passa mas, à primeira vista, é sempre difícil de lidar.

De volta
Neste sábado, fomos super bem recebidos -- como sempre!! -- por membros em plantão da equipe do Dr Nelson quando chegamos no Einstein:
  • Dra Daniela, que é uma fofura em pessoa, não arredou pé do hospital até que chegássemos aqui (e olha que pegamos uma chuva daquelas e um trânsito irritante de mais de 1h30....).
  • Dr Paulo, com seu sotaque gostoso e seu ombro amigo, não titubeou em nos reconfortar (principalmente a mim, mãe, chata, preocupada, ansiando por alguma resposta...).
  • E a Dra Ju Folloni.... ela estava de plantão em outro hospital. Mas era como se estivesse ali pertinho, do meu lado. Falou comigo por telefone um montão de vezes. Profissionalíssima, super sensata, segura e de uma doçura sem tamanho -- respondeu todas as minhas questões, me falou sobre os passos que pretendia dar para investigar o ocorrido, numa paciência só dela (cá entre nós, no lugar dela, eu já estaria cansada de mim, de me dar colo e aguentar meu chorinho dolorido a cada nova reinternação...).

Lugar comum? Talvez! Mas impossível não agradecer a eles e a todos os demais da equipe. E a Dr Nelson que me ofereceu um time tão especial!


À flor da pele
Juro que, racionalmente, me mantenho positiva, foco na parte cheia do copo, me seguro à beça pra não 'cair', principalmente prá poder manter o Lucca lá em cima. Dessa vez talvez o que tenha sido aquela gotinha que transborda a água, que desanda o angu tenha sido a véspera do Dia das Mães.... Desmarcar o churrasco poderia acontecer, por qualquer motivo sem graça, por chuva talvez.... Mas por conta da reinternação, do surgimento de um novo foco de infecção que a gente ainda não sabe detalhes, o impacto é puramente emocional....

Eu só queria poder passar o dia todo grudada com minhas três jóias mais valiosas, Lucca, Marcco e Marcella. Nós quatro juntos, apinhados um no outro, como ficamos na sexta à noite por exemplo.....

O Cucca está bem agora. Sem febre, dormindo, tranquilo. Marccão e Lella ficaram na casa da minha irmã. Pra brincarem, mudarem de ares, desopilarem um pouquinho. Sei que é isso que importa. E cada passo deve ser dado por vez. Se eles estão bem, prá mim isso já é meio caminho andado. O restante prometo que vou recarregar as baterias pra caminhar. Porque é difícil, mas não vou entregar os pontos.... Não posso. Não quero.

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