Eu estava levando as crianças pra casa dos meus pais hoje pela manhã pra poder cuidar de uns detalhes do job que estou fazendo para a moksha8, quando minha filha caçula, Marcella, soltou essa frase que deu título ao post. Ela, do banco de trás, olhou prá mim pelo espelho retrovisor com um sorriso enorme no rosto. Como que se não se contivesse de satisfação por estarmos vivendo de novo nossa rotina habitual. "Havíamos dormido os quatro em casa, Lucca não precisava ir pro hospital hoje, e acordamos cedo porque mamãe tinha de trabalhar".
Sim, porque antes disso tudo acontecer -- a internação no Einstein, o TMO do Lucca, o meu desligamento da moksha8 em novembro passado --, nosso dia-a-dia sempre foi bastante ativo. Morosidade nunca foi uma palavra que pudesse descrever nossas semanas.
Eu de fato trabalho desde muito cedo (aos 16 publiquei minha primeira matéria jornalística no jornal do bairro em que morava e aos 17 já estava fazendo uma espécie de estágio no Jornal da Tarde). Casei aos 23 e continuava trabalhando. O Lucca, que é o mais velho, nasceu cinco anos depois, em 2000. No ano seguinte veio o Marccão e, em 2003, a Lella. Mesmo com eles pequeninhos, eu mantive minha carreira e minhas atividades profissionais. Prá isso, claro, pude contar com a ajuda inestimável da minha mãe e irmãs também, que sempre me ajudaram muito com eles enquanto eu estava envolvida em planos estratégicos, projetos, reuniões, viagens de trabalho, no dia-a-dia profissional como um todo.
E, nisso, as crianças cresceram me vendo trabalhar.
Às vezes, claro, surgia uma manha daqui, uma reclamação dali ou o outro perguntando se eu tinha mesmo que ir trabalhar naquele dia. Nada diferente do que acontece com toda criança e em toda família que se preze. E, portanto, nunca me penalizei por isso. Ao contrário! Sempre procurei explicar a eles que eu trabalhava porque era necessário mas também porque era algo que eu gostava muito de fazer.
E é verdade: adoro trabalhar, amo minha carreira, sinto-me super realizada profissionalmente, ainda que haja um longo caminho a percorrer. E digo sempre, pros meus filhos e pra quem me conhece, que isso é algo muito bom de se sentir.
Ao invés de me martirizar ou me culpar por não ser uma mãe que leva e busca os filhos na escola diariamente, nem que está em casa todas as manhãs fazendo lições de casa com seus pequenos, sempre olhei pelo outro lado. Enfatizo a questão da qualidade do tempo com meus filhos, e não da quantidade em dias, horas ou minutos. Acredito mesmo que 10 u 15 minutos saudáveis e intensos podem ser muito mais valorosos do que um dia inteiro, principalmente se ele for movido a estresse.
No final das contas, acho que os três assimilam bem essa ídéia. O Lucca amadureceu muito depois de tudo que aconteceu com ele (a internação, o TMO etc.). Mas mesmo os outros dois são maduros nesse caso. Os três dão muito valor ao trabalho, falam que querem ser alguém quando crescerem. Valorizam o dinheiro mas sabem que é preciso fazer por merecê-lo. Já passaram daquela época de achar que, pra ter cédulas no bolso, basta passar o cartão na máquina.
A satisfação da Lella ao dar-se conta de que, aos poucos, as coisas retomam seu lugar, que a rotina volta a acontecer naturalmente, é algo que me marcou muito. Nessa hora, de novo, passou o filme dos últimos meses na minha cabeça.... Quem diria, há três meses atrás, que estaríamos vivendo as coisas dessa forma hoje?
Um dia de cada vez! Sempre!
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