sexta-feira, 10 de abril de 2009

Dúbias emoções

Hoje acabei fazendo uma coisa bem diferente se comparado ao que aconteceu nos últimos trinta dias. Passei quase o dia todo com meus outros dois filhos, o Marccão e a Lellinha. Meus pais truxeram os dois prá cá. Ficaram com o Lucca para que eu pudesse ficar um pouquinhos com eles, pra podermos sair juntos, matar as saudades. Fazia um mês que não passeávemos....

Deixei o hospital com o coração apertado, isso não nego. Mas era por uma causa mais do que justa. Marcco, Lella e eu queríamos igualmente essa tarde juntos. Passamos em casa, ficamos uns momentos juntos por lá, depois fomos ao shopping passear e tomar lanche e passear um pouco mais. Voltamos pro hospital já no inicio da noite. Claro que eu havia telefonado pro quarto do Lucca o dia todo. Pura corujice! Ele passou um dia tranquilo, mas fiz questão de acompanhar, mesmo de longe, os resultados de todas as medições realizadas ao longo do dia -- que avaliam pressão arterial, temperatura corpórea, oxigenação sanguínea e frequência cardíaca. Todas em ordem aqui dentro, graças a deus!!

Lá fora, o dia com Marcco e Marcella foi muito gostoso. Foi uma delícia matar as saudades, botar em dia a conversa, os beijos, abraços, carinhos, as bagunças e até as peraltices típicas da idade. Mas não foi de todo fácil também.... Eu estava super feliz de estar ali com eles, só que faltava o Lucca naquela cena.... e aquilo me encheu de angústia, de um aperto enorme no peito. Porque não sei mesmo viver sem qualquer um dos meus três filhos..... me recuso a pensar nisso...



Sabe...
Desde o começo de tudo isso que aconteceu com o Lucca, o Marcco e a Lella logo perceberam e entenderam que o irmão mais velho exigia mais atenção, alguns cuidados especiais também. Sempre procurei explicar pra eles o que estava acontecendo pra que digerissem aquilo como algo que realmente se fazia necessário. Minha preocupação maior era que eles entendessem que eu não estava fazendo diferença entre eles. Nunca!

Lembrei ao Marccão de quando eu lhe dava um monte de atenções e cuidados especiais por conta de exames e mais exames que ele precisava fazer por ter nascido com 4 rins -- é, o Marccão nasceu com 4 rins, e todos funcionam hehehe..... Mas depois conto essa história em mais detalhes....

Com a Lella, conversamos bastante sobre o susto horrivel decorrente de um incidente horroroso que aconteceu com ela quando estivemos em Aparecida do Norte (essa é outra história que conto depois) e mesmo dos últimos dias em que me dediquei a pesquisar mais a fundo seu próprio estado de saúde em função de ela ser portadora do gene da adrenoleucodistrofia.

Felizmente, eles sempre compreenderam a situação do irmão -- não saberia dizer em que intensidade eles deglutiram e ainda deglutem isso tudo. A verdade é que eles são nitidamente atenciosos e compreensivos. Hoje, quando a Marcella chegou aqui, precisou se paramentar inteira e colocar máscara no rosto. Mas ela fazia questão de entrar no quarto prá ver o Lucca e não sossegou enquanto não pôde dar um beijo na bochecha do irmão. Confesso a vocês que essa foi uma cena tocante. Que me traz de volta ao hoje.

Hoje o que me pega é um medo.... um medo grande de não conseguir retomar as rédeas da minha vida dentro do tempo necessário. Logo mais, Lucca terá alta e sairá do hospital, se deus quiser! Mas o tratamento continua. Por, pelo menos, uns nove meses mais... Mas nosso plano de saúde, ainda subsidiado pela empresa em que trabalhei até novembro, vencerá em 31/5....

Quem me conhece, sempre me ouviu dizer uma frase que é minha máxima: "No final, tudo dá certo. Se ainda não deu certo, é porque ainda não chegou no final!". Acredito mesmo nisso. Me apego mesmo nisso. O receio bate e eu rebato, com essa crença.... É que, às vezes, 'o bicho pega'.... Sinto, choro, enfraqueço em pouquinho.....


Agora à noite, depois que voltei, Lucca quis ir ao banheiro, estava com dor de barriga. Ficamos conversando sobre amenidades enquanto ele estava lá. Ele contou de como havia sido o dia com os avós, sobre a fome que não sentiu e sobre a dor de cabeça que lhe incomodou à tarde. E, então, me disse: "Sabe, mamãe, eu tô cansado de ficar aqui. Prá mim, sempre pensava que hospital era prá velhinhos que estão doentes, que não conseguem respirar....... Tudo que quero é viver uma vida normal de criança, que brinca, que estuda, que corre, que brinca. Quero voltar prá casa logo, mamãe".

E eu... ah, eu só quero poder tornar realidade o que sempre prometo ao Lucca quando ele me diz coisas assim....
Que tudo dará certo.
Que os leucócitos dele vão subir rapidinho.
Que a medula vai pegar!
Que voltaremos prá casa já já.
Que a adreno já se foi!
E que ele terá, sim, uma vida muito feliz e 'normal' como ele quer. Uma vida longa, maravilhosa, cheia de alegrias e realizações pela frente.
E que essa é a verdade mais verdadeira dentro do meu coração....

Um comentário:

Tania disse...

LU ,Luquinha querido,

Como ficamos felizes, eu e a Fernanda, tua amiguinha da classe, de saber que teus leucocitos, aumentaram tanto!!! Já está chegando lá!!! e temos certeza que é essa tua força e pensamento positivo que está contribuindo pra isso, e é claro também de todos que te amam e estão do teu lado, como nós também! Te desejamos uma ótima Páscoa e um coelhinho carregado de leucócitos!!!

um imensooooo beijo Tania e Fe