Muito se fala sobre a utilização de células troncos e cresce a cada ano expectativa da sociedade para as primeiras possibilidades de aplicações das células-tronco na cura de doenças -- muitas vezes, vistas como as únicas alternativas para tratamentos de casos graves. Contudo, de acordo com pesquisadores e geneticistas, é preciso ter paciência. “Em mais ou menos dois anos poderemos saber, mais claramente, em que campos da medicina as células-tronco aultas funcionam e onde não funcionam”, afirma Lygia Pereira, professora associada do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE), ligado à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Já com relação às células-tronco embrionárias, os primeiros testes em humanos ainda estão sendo iniciados em âmbito mundial. Nos Estados Unidos, há um estudo que envolve sua aplicação na regeneração da retina”, completa.
A descoberta das células-tronco pluripotentes induzidas, chamadas de IPS (do inglês induced pluripotent stem-cells), em 2006, foi talvez um dos principais fatores responsáveis por aumentar tanto a esperança de pacientes no mundo inteiro. Elas são originadas de células adultas do corpo humano ou de um animal e podem ser reprogramadas para se transformarem em células-tronco pluripotentes induzidas, ou seja, possuem a capacidade de dar origem a outros tecidos do corpo.
Atualmente, há muitos grupos realizando diversos estudos clínicos com as células adultas, inclusive em humanos, como estudos em cardiologia e estudos para diabetes. "Na verdade, precisamos de mais estudos básicos no Brasil, para entender o que leva essas células ao perfeito funcionamento”, explica a professora. “Porém, com relação às células embrionárias, temos poucos grupos de estudos no país. Por isso, uma das missões do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias é oferecer treinamento para as pessoas e disponibilizar essas células”, ressalta.
Legislação
No Brasil a Lei de Biossegurança regulamenta, entre outras questões, os assuntos ligados às pesquisas genéticas. “Com as células adultas não há nenhuma restrição. Mas, com as células-tronco embrionárias, a Lei de Biossegurança permite apenas que sejam utilizados embriões que estejam congelados até março de 2005, com consentimento dos pais. Por enquanto, o que está permitido nos possibilita realizar estudos diversificados”, ressalta Lygia. “Além disso, essa é uma área que tem futuro no mundo todo, as pessoas têm que pensar nisso como ciência e não como uma técnica. Pois queremos olhar para ela como uma oportunidade para conhecer a biologia humana”, completa a professora. No país, como a Lei de Biossegurança determina, a clonagem está proibida. Segundo a geneticista, depois do advento das células IPS, o interesse em clonagem diminuiu no mundo todo, porque, com isso, é possível criar as próprias células sem a necessidade das células embrionárias.
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