segunda-feira, 1 de junho de 2009

Entendendo a ação do Rotavírus no organismo

O Rotavírus vem sendo considerado, em todo o mundo, o principal responsável por diarréia em crianças menores de 5 anos e tem sido a principal causa de surtos de diarréia nosocomiais e em creches ou pré-escolas. Praticamente todas as crianças se infectam nos primeiros anos de vida, porém, os casos graves ocorrem principalmente em crianças até 2 anos de idade, sendo que, crianças prematuras, de baixo nível sócio-econômico ou com deficiência imunológica estão mais sujeitas a desenvolver um quadro mais grave da doença. Em adultos, é mais rara, tendo sido registrados surtos em espaços fechados como escolas, ambientes de trabalho ou em hospitais.

Dados do Ministério da Saúde dizem que a doença é responsável por 5 a 10% de todos os episódios diarreicos em crianças menores de 5 anos, demandando mais de 500 mil consultas médicas e cerca de 50 mil hospitalizações por ano, e responsável por consideráveis custos médicos e não médicos.

A infecção causada pelo Rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia líquida e duração limitada a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo ocorrer também casos assintomáticos.

O vírus de que estamos falando é RNA vírus da família dos Reoviridae, do gênero Rotavírus. São classificados sorologicamente em grupos, subgrupos e sorotipos. Até o momento, 7 grupos foram identificados: A, B, C, D, E, F e G, ocorrendo em diversas espécies animais, sendo que os grupos A, B, e C são associados a doença no homem. O grupo A é o de melhor caracterização, predominando na natureza, associado a doença no homem e em diversas outras espécies animais.

Modo de transmissão
Os Rotavírus, eliminados em alta quantidade nas fezes de crianças infectadas, são transmitidos pela via fecal-oral, por água ou alimentos, por contato pessoa-a-pessoa, objetos contaminados e, provavelmente, também por secreções respiratórias, mecanismos que permitem uma alta capacidade de alastramento dessa doença. A máxima excreção viral se dá no 3º e 4º dia a partir dos primeiros sintomas, no entanto, podem ser detectados nas fezes de pacientes mesmo após a completa resolução da diarréia. O período de incubação varia de 1 a 3 dias.

Sintomas e diagnóstico
Na forma clássica, mais freqüente em crianças de 6 meses a dois anos, a doença se manifesta como quadro abrupto de vômito, que na maioria das vezes precede a diarréia, e a presença de febre alta. É comum observar-se formas mais leves ou quadros subclínicos entre adultos contactantes. Em crianças até os 4 meses pode haver infecção assintomática, aventando-se a ação protetora de anticorpos maternos e do aleitamento natural. A diarréia é caracteristicamente aquosa, com aspecto gorduroso e caráter explosivo, durando de 4 a 8 dias. É possível identificar a presença de Rotavírus no organismo do paciente por meio de um exame laboratorial específico a partir de amostra de fezes. A época ideal para detecção do vírus nas fezes vai do primeiro ao quarto dia de doença, período de maior excreção viral.

Tratamento
Por ser, em geral, uma doença auto-limitada, ou seja, com tendência a evoluir espontaneamente para a cura, o fundamental do tratamento é prevenir a desidratação e distúrbios hidreletrolíticos. Não se recomenda o uso de antimicrobianos ou de antidiarreicos. E também ainda não há medicamentos específicos para combater o rotavírus. A orientação atual é de manutenção da dieta alimentar normal. Eventualmente pode ser necessário recorrer à hidratação parenteral, se a oral não for suficiente para a reposição de fluidos e eletrólitos.

Prevenção
Desde março de 2006, foi incluída no calendário de vacinação brasileiro a vacina Rotarix®, do laboratório GlaxoSmithKline Biologicals, contra Rotavírus. Os primeiros estudos com essa vacina tiveram início em 2000, na Finlândia, e os resultados demonstraram elevada eficácia e segurança. A primeira vacina contra rotavírus foi licenciada nos Estados Unidos em 1998. Era uma vacina oral atenuada tetravalente, com rearranjo símio e humano (RotaShield®), aplicada no esquema de três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade. Essa vacina foi, contudo, suspensa em 1999, devido ao aumento de invaginação intestinal. Há atualmente novos estudos publicados utilizando-se uma outra vacina oral atenuada pentavalente (RotaTeq®, do laboratório Merck), também com elevada proteção para as formas graves de diarréia.

Esquema vacinal
O esquema recomendado para a aplicação da vacina Rotarix® é de duas doses, aos 2 e 4 meses de idade, e o intervalo mínimo entre as duas doses é de 4 semanas. Para esta vacina algumas restrições são recomendadas:

Para a aplicação da 1ª dose:
- Deve ser aplicada aos 2 meses de idade
- Idade mínima 1 mês e 15 dias de vida (6 semanas)
- Idade máxima 3 meses e 7 dias de vida (14 semanas)

Para a aplicação da 2ª dose:
- Deve ser aplicada aos 4 meses de idade
- Idade mínima 3 meses e 7 dias de vida (14 semanas)
- Idade máxima 5 meses e 15 dias de vida (24 semanas)

Especialistas alertam que a vacina contra Rotavírus não deve, de forma alguma, ser aplicada fora das faixas etárias preconizadas, pois nos estudos realizados com a vacina RotaShield suspensa em 1999, foi demonstrado um risco aumentado de invaginação intestinal em relação à idade de aplicação da vacina. Portanto, nos estudos realizados com as novas vacinas, como precaução, foram aplicadas apenas nas faixas etárias estabelecidas.

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