terça-feira, 4 de agosto de 2009

Dia muuuuito difícil..........Lucca é transferido para a Semi-UTI

Sim, desde hoje no início da tarde, Lucca mudou de quarto. Deixou a ala da Pediatria para ir para o outro lado no mesmo andar, na Unidade de Tratamento Semi-Intensivo.

Em geral, ele está bem. E isso é a única coisa que me confortou hoje. De resto, tive momentos de muito desconforto e insatisfação.

O que motivou essa troca de ambiente hospitalar foi uma situação bastante específica composta pelos seguintes fatores:
  • um aumento de quatro pontos no nível de creatinina (passando de 1,1 ontem para 1,5 hoje);
  • uma frequência cardíaca mais elevada, na casa do 150 bpm (quando o normal é flutuar entre 80 e 100 bpm);
  • um pouco de hipertensão arterial (15 por 10 de pressão).

Segundo os médicos, esses fatores poderiam se agravar e comprometer especialmente o funcionamento cardíaco do Lucca. Eu não me senti confortável o suficiente para coibir isso.

Nos últimos dias, Lucca estava mais endemaciado (inchado) e, para mim, aquele era um forte sinal de retenção de líquido no organismo. De fato, o balanço hídrico não estava satisfatório -- isto é, o volume de líquido expelido (em forma de urina) era baixo se comparado ao volume de soro e medicações que estava recebendo. Daí o inchaço. E, consequentemente, as alterações de frequência e pressão arterial.

Isso já havia acontecido antes. No final de semana anterior a esse, por exemplo, quando estava com um quadro acentuado de vômitos e diarréias, Lucca chegou a registrar números bem mais preocupantes, tais como um frequência cardíaca de 159 bpm, pressão arterial de 17x11 e perfusão de até 7 segundos... Felizmente, nessa e em situações semelhantes, o quadro regularizou-se tão logo ele recebeu agentes diuréticos.

Com base num quadro que só se intensificou de sábado à noite para cá, eu vinha pedindo essa introdução de diuréticos e um eventual estudo sobre sondá-lo na bexiga, mas os médicos preferiram aguardar mais. E hoje acabaram vendo na transferência para a Semi UTI a alternativa que mais lhes deixava seguros.

Conversei bastante com toda a equipe hoje no final da manhã. E procurei explicar que o que mais me preocupa não é colocá-lo ou não sob cuidados mais rigorosos. Se ir pra UTI ou Semi-UTI é importante para o a saúde dele, ok. Vamos em frente. Até porque a boa condição clínica do Lucca é o que é prioridade absoluta prá mim.

Mas, ao mesmo tempo, pontuei e enfatizei uma preocupação que me é recorrente: do quão prejudicial tem sido ao Lucca algumas mudanças contínuas de conduta médica; alguns atropelos; algumas afobações da parte do time que assiste o Lucca, em especial da Enfermagem; o põe-e-tira desencontrado de antibióticos (que foi muito intenso durante aquela internação de junho) e plaquetas; o troca-troca de catéter (mesmo com resultados negativos para exames de hemocultura e ecocardiograma); enfim.....

Eu já me incomodo bastante com isso. O que me preocupa mesmo, contudo, é a leitura que Lucca tem feito. Ele tem apenas 9 anos mas percebe tudo, entende tudo. Repete a todo momento que não entende por que os médicos mudam tanta coisa a todo tempo. E não melhora....

Hoje, logo depois de chegar no quarto novo, ainda assustado por estar na Semi-UTI, ele desabafou. chorando super sentido: "Eu faço tudo que os médicos mandam, mamãe, e, mesmo assim, eu não fico bom...... É um monte de coisa que dói, sabe? um monte de picadas, anestesias, toda hora tendo que ir pro centro cirúrgico, muda remédio, meu corpo que dói...e agora vir pra UTI, mamãe? isso não é justo.....Eu não quero ficar aqui, mamãe, por favor....".

Ouvir isso foi quase insuportável prá mim...... Vê-lo assim, debilitado, já é muito difícil. Vê-lo assustado, puxa, isso é algo que me revolta, sabe? Como digo sempre, zelar para que o impacto na saúde emocional do Lucca seja o menor possível é o mínimo que devo fazer. E não abro mão de fazer, na verdade.

Hoje, por exemplo, fui dura, eu sei, mas me vi obrigada a fazer e solicitar alguns ajustes na dinâmica de atendimento que foi ofertada de cara ao Lucca na ala de UTI. Afinal, felizmente ele não é um paciente crônico, pelo menos não nesse momento (e, se Deus quiser, também não o será daqui pra frente).

O controle fino, o olhar mais detalhado e mais próximo, ok, pequemos pelo excesso. Mas isso não precisa vir acompanhado de mais stress.

Houve tempos em que me senti matando um leão por dia. Ultimamente, é como se fossem mais de um... Nesta terça, confesso: parecia que eu estava no meio de uma jaula com váááários leões para domar.... Mas ok, não é isso que vai me derrubar. Vamos em frente....... Se Deus quiser Lucca continuará melhorando. As enzimas do fígado seguirão baixando. As caniculares voltarão ao normal. O amarelado do rosto e olhos desaparecerão em breve. Assim como o inchaço e o mal estar de de vez em quando.

Logo logo ele estará de volta à Pediatria. Não!!!! De volta à nossa casa, à vida normal dele!

Um comentário:

KARLA SARQUIS disse...

Querida

Eu sei que é barra, mas a semi é importante nesse momento, para controlar todos os parâmetros. Vamos rezar pra ele sai logo, porque quando ele vai pra semi, vamos todos...tenta descansar um pouco, se é que isto é possível.
beijos
ka